Opinião

Um aniversário de Cascavel

Aniversário e tanto, foi aquele comemorado em fins da década de 1960! Que desfile! Com bastante antecedência, as escolas foram informadas sobre o desfile dos alunos que aconteceria naquele ano.

Com a devida antecedência também, começaram os ensaios das fanfarras para marcar o ritmo da marcha de centenas de alunos pela Avenida Brasil, que na época tinha outro traçado. Muitos alunos viriam de escolas situadas em bairros mais afastados, outro tanto dos localizados na parte central da cidade.

Em plena aula, ouvia-se a cadência da fanfarra que ensaiava no pátio da Escola Normal, de Grau Ginasial “Carola Moreira”, onde eu estudava e que encerrou as atividades no final de 1967. O uniforme deveria estar impecável para o grande dia, fazer bonito sob o olhar de centenas de expectadores, que lotariam os dois lados da Avenida Brasil.

O palanque foi montado no espaço em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, que na época também, possuía outro desenho de paisagismo. No dito palanque, haveria a presença do Prefeito do Município, da primeira dama e demais autoridades.

O uniforme das adolescentes, na escola onde estudava era saia azul-marinho, blusa listadinha de azul e branco, graciosa fita de gorgorão formando um pequeno laço no pescoço, onde ficava preso com alfinete e botão perolado. Os rapazes usariam camisa branca, calça e gravata na cor azul marinho.

Após um ensaio por ruas próximas da escola, finalmente chegou o grande dia! Uma bela manhã ensolarada, tudo organizado, alunos alinhados, na orientação “tomar distância”, logo ouviu-se o ritmo sonante da fanfarra do Colégio Marista! Tão numerosa e poderosa, que tornava as outras fanfarras um mero conjunto de latinhas!

O plano de organização do desfile da minha escola era, após cada bloco de aproximadamente 100 alunos, divididos em 4 fileiras, intercalar um veículo portando uma homenagem ao Município, desde produção agrícola em destaque até algum fato histórico. Naquele ano, como tema histórico, trouxeram a imagem do incêndio ocorrido na Prefeitura Municipal, em fins de 1960, classificado como ato criminoso, cuja autoria nunca foi desvendada.

Uma maquete foi preparada, feita em compensado, nos moldes da antiga construção e instalada sobre o estrado de um caminhão. Próximo ao aludido palanque, atearam fogo na maquete. Houve um clamor geral, um misto de surpresa e admiração, pela criatividade empregada. Porém, o senhor Prefeito, não gostou da encenação! Ficou muito zangado e ameaçou abandonar o glamouroso palanque instalado.

Os expectadores que estavam próximos, não prestaram mais atenção ao desfile, mas sim na cena em curso no palanque oficial. Chegou a turma do “deixa disso” e os ânimos foram acalmados. Que aniversário!

Parabéns ao Município de Cascavel, como sua dileta filha, só lhe desejo o melhor!

Maria Antônia de Castilho, advogada e cronista