Saúde

Vacina contra coronavírus terá metade das doses a países em desenvolvimento

O anúncio foi feito após a gigante farmacêutica fechar acordos com o Instituto do Soro da Índia

Vacina contra coronavírus terá metade das doses a países em desenvolvimento

Rio de Janeiro – A empresa AstraZeneca anunciou ontem (4) que prevê administrar mais de 2 bilhões de doses da potencial vacina desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, contra o novo coronavírus. Do total, metade delas para habitantes de países em desenvolvimento.

O anúncio foi feito após a gigante farmacêutica fechar acordos com o Instituto do Soro da Índia, maior fabricante mundial de vacinas em larga escala, e duas organizações globais de saúde apoiadas por Bill Gates.

Na quarta, a parceria Oxford-AstraZeneca informou que cerca de 2 mil voluntários, no Rio de Janeiro e em São Paulo, irão receber ainda este mês a dose da vacina experimental contra a covid-19.

A empresa também irá fornecer 400 milhões de doses aos governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.

A parceria da AstraZeneca com a Universidade de Oxford é uma das principais esperanças da comunidade internacional no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, recebendo mais de US$ 1 bilhão de financiamento do governo dos EUA no mês passado.

A empresa também assinou um acordo no valor de US$ 750 milhões com a Cepi (Coalisão para Preparação para Epidemias) e a Gavi Aliança para produzir 300 milhões de doses da vacina. As duas instituições foram criadas pelo fundador da Microsoft, Bill Gates.

A Gavi declarou nesta quinta-feira que já levantou US$ 2 bilhões via doadores internacionais para a compra de futuras vacinas contra a Covid-19 para países em desenvolvimento, incluindo um compromisso de US$ 100 milhões da Fundação Bill & Melinda Gates

 

Revista “despublica” estudo sobre cloroquina

O controverso estudo publicado em 22 de maio na revista The Lancet com mais de 96 mil pacientes internados que havia concluído que o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em pacientes com o novo coronavírus, mesmo quando associados a outros antibióticos, aumenta o risco de morte e de arritmia cardíaca nos infectados pela covid-19, foi retirado de circulação nessa quinta-feira (4) por três de seus quatro autores.

O estudo havia motivado a suspensão, por parte da Organização Mundial de Saúde, de uma pesquisa global com a droga. Mas logo após a publicação, uma série de questionamentos e suspeitas foi levantada sobre a base de dados utilizada no trabalho, o que fez a OMS retomar na quarta os testes clínicos com a substância.

Ainda na terça, a Lancet havia divulgado um “manifesto de preocupação” a respeito do estudo. E agora os cientistas se manifestaram publicamente afirmando que não tiveram condições de confirmar a veracidade dos dados apresentados.

A pesquisa publicada na Lancet tinha sido apresentada como a maior já realizada sobre os efeitos que a cloroquina e a hidroxicloroquina têm no tratamento do coronavírus, de modo observacional. Ela foi feita a partir de uma base de dados da Surgisphere Corporation, uma pequena empresa americana que apresentou informações de diversos hospitais de vários países. O fundador da empresa, Sapan Desai, apareceu como coautor do trabalho.

Na quarta, o jornal inglês The Guardian publicou uma reportagem levando suspeitas sobre a empresa. Disse que ela tinha em sua equipe um escritor de ficção científica e um “modelo de conteúdo adulto” e que os dados apresentados não batiam com a realidade de alguns hospitais, como da Austrália, por exemplo.