Saúde

Surto de sarampo alerta para importância de imunização

Manter a carteira de vacinação em dia pode evitar que outras doenças graves acometam, principalmente, as crianças

Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo.- Foto: Agência Brasil
Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo.- Foto: Agência Brasil

Sempre que são registrados surtos de alguma doença infectocontagiosa, a importância da vacinação volta a chamar a atenção de todos. Esse é o caso do sarampo, uma doença considerada erradicada no Brasil e que voltou aos noticiários em 2019.

Manter a carteira de vacinação em dia pode evitar que outras doenças graves acometam, principalmente, as crianças. É o caso da pneumonia e da meningite, provocadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, o pneumococo. Essas doenças podem ser prevenidas por meio da imunização, mas está é uma informação que nem todos sabem. Além disso, se não forem diagnosticadas precocemente e tratadas corretamente, podem levar à morte.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que as mortes por doenças pneumocócicas causem por ano mais de 800 mil mortes de menores de 5 anos, superando em até 8 vezes os 110 mil óbitos causados anualmente por sarampo na mesma faixa etária, em âmbito mundial, de acordo com levantamento realizado em 2017. O Brasil está entre os 15 países com maior incidência de infecções pelo pneumococo.

Formas de transmissão

A pneumonia é uma doença respiratória provocada por bactérias, vírus ou fungos. Três a cada dez casos diagnosticados estão associados à bactéria pneumococo.

Qualquer pessoa pode ter a doença pneumocócica, mas alguns indivíduos estão em maior risco do que outros, como crianças com menos de 2 anos de idade e adultos a partir de 65 anos; pessoas com doenças crônicas, como diabetes, câncer e insuficiência renal; pacientes com o sistema imunológico comprometido por outras doenças; e fumantes.

A transmissão do streptococcus pneumoniae acontece por meio do contato entre pessoas que contraíram a doença ou que estão colonizadas pela bactéria, mas não apresentam sintomas. É comum que os indivíduos, principalmente as crianças, sejam portadoras e transmitam a bactéria sem adoecer. A gravidade, a alta incidência e os impactos em todos os grupos etários, fazem com que a vacinação seja uma estratégia importante na prevenção da doença pneumocócica.

Prevenção

Entre as vacinas que podem proteger os pacientes contra as pneumonias pneumocócicas está a Prevenar 13, da Pfizer, a única que oferece proteção direta contra os outros 13 sorotipos de pneumococo mais prevalentes em todo o mundo:1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F e 23F. Trata-se, ainda, da única vacina pneumocócica conjugada licenciada para todas as idades no Brasil, a partir de 6 semanas de vida, incluindo adolescentes e adultos.

Aprovada no Brasil desde 2010, a vacina Prevenar 13 está disponível nas clínicas particulares com indicação para todos os grupos etários e, desde outubro de 2019, passou a ser disponibilizada também na rede pública de saúde através dos Cries (Centro de Referência Imunológicos Especiais) para pacientes considerados de alto risco para aquisição da doença pneumocócica, acima de 5 anos de idade, o que engloba pacientes com HIV e oncológicos, além de indivíduos transplantados.

Pacientes de alto risco

Pacientes com condições clínicas que comprometem o sistema imunológico apresentam um risco aumentado para pneumonia e doenças pneumocócicas invasivas, na comparação com indivíduos saudáveis. Em portadores de HIV, a diminuição da capacidade das células de defesa faz com que o paciente apresente um risco de contrair pneumonia até 100 vezes maior em relação a pessoas sem essa condição, de acordo com alguns estudos.

Pacientes oncológicos representam outro grupo suscetível à pneumonia, uma vez que o sistema imune pode ser enfraquecido pelo próprio câncer e pelos tratamentos que afetam as células de defesa. Também devem receber atenção especial indivíduos que utilizam imunossupressores, como as medicações usadas para evitar a rejeição em transplantados, ou mesmo os pacientes submetidos a transplante de medula, onde as memórias imunológicas adquiridas ao longo da vida, podem ser perdidas em decorrência do transplante.

Nesse contexto, a vacinação contra o pneumococo assume um papel fundamental, especialmente para os pacientes de risco, e também está muito bem estabelecida nos calendários vacinais do Brasil e do mundo. Médicos e pacientes devem estar atentos a oportunidades de atualização de todo calendário vacinal, atentando-se para a constante atualização das recomendações, e respeitando as particularidades de condições de saúde de cada paciente.

Vírus do sarampo está ativo em 29 municípios paranaenses

A Secretaria da Saúde do Paraná informa que já são 429 os casos confirmados de sarampo em 29 municípios paranaenses. Após 20 anos sem registro da doença, o primeiro caso foi constatado em uma paciente moradora da Região Metropolitana de Curitiba, que viajou a São Paulo e não estava vacinada.

As cadeias de transmissão já identificadas indicam que as contaminações ocorreram em São Paulo, Santa Catarina e também nos próprios municípios paranaenses, já com vínculos secundários, ou seja, de pessoas que viajaram, tiveram a doença e passaram para outras nas cidades em que residem. Por isso é importante notificar o serviço de saúde para que seja feito o bloqueio vacinal com os contatos do paciente para evitar novos casos.

O sarampo é uma doença de fácil transmissão e que se espalha rapidamente. Nas 13 semanas de monitoramento, o crescimento do número de confirmações e locais de ocorrência é grande. Somente na última semana 61 pacientes foram constatados com o sarampo, um crescimento de 17%.

O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, chama a atenção para o grande número de confirmações na faixa de idade de jovens adultos. “Nosso levantamento aponta que 227, dos 429 casos confirmados, são de pessoas na faixa etária entre 20 e 29 anos. São os nossos jovens, que não sabem se tomaram a vacina ou acreditam que não ficam doentes”, disse. “A vacina é uma forma de bloqueio do vírus. Se todos forem imunizados não teremos sarampo, podemos chegar novamente ao patamar que estávamos anteriormente”, afirmou.

Vacinação

A segunda fase da campanha está acontecendo e segue até o fim do mês. O secretário lembra que há um grande público para atingir. “O Ministério da Saúde estimou que há quase 800 mil jovens sem vacina. Esta segunda etapa de vacinação é voltada a este público, jovens entre 20 e 29 anos. Precisamos aumentar a cobertura especialmente nessa faixa de idade porque eles representam mais do que a metade dos casos no Paraná”.

A campanha segue até o dia 30 (sábado), quando será realizado o dia D da vacina, em que os postos de saúde ficam abertos para que mais pessoas possam receber a dose da vacina.

Municípios

Curitiba é o município que apresenta maior quantidade de casos confirmados, são 278. Na região metropolitana ainda temos outros 112: 7 em Almirante Tamandaré; 3 em Araucária; 2 em Balsa Nova; 2 em Campina Grande do Sul; 3 em Campo do Tenente; 10 em Campo Largo; 26 em Colombo; 3 em Fazenda Rio Grande; 1 em Itaperuçu, 1 na Lapa; 1 em Mandirituba; 19 em Pinhais; 12 em Piraquara; 1 em Quatro Barras; 6 em Rio Branco do Sul; 15 em São José dos Pinhais.

No interior do Estado as confirmações são: 2 em Castro; 1 em Ponta Grossa; 2 em Irati; 1 em General Carneiro; 3 Paulo Freitas; 8 em União da Vitória; 2 em Maringá; 8 em Londrina; 1 em Rolândia; 6 em Carlópolis; 4 em Jacarezinho; 1 em Toledo.

General Carneiro, Paula Freitas, Toledo tiveram os primeiros casos confirmados nesta última semana.