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Presos, irmãos chefiavam grupo e ordenavam mortes

De acordo com as investigações iniciadas há dois anos, o grupo atuava a partir da cidade de Quedas do Iguaçu e agia na região centro-sul do Estado

Foto: Polícia Civil
Foto: Polícia Civil

 Reportagem: Cláudia Neis

Quedas do Iguaçu – Uma organização criminosa envolvida em homicídios de policiais e tráfico de drogas e armas desmantelada ontem (21) na Operação Adsumus era chefiada por dois irmãos, Jocemara e Cleber Prado, que comandavam mesmo detrás das grades. Ele está preso em Guarapuava e ela no Complexo Médico Penal em Curitiba, mesmo presídio onde estão políticos e empresários presos da Lava Jato.

De acordo com as investigações iniciadas há dois anos, o grupo atuava a partir da cidade de Quedas do Iguaçu e agia na região centro-sul do Estado, com foco no tráfico de drogas e armas. Os homicídios relacionados ao grupo eram de pessoas que de alguma forma estariam atrapalhando o trabalho da quadrilha.

O delegado responsável pela Operação, Alex Sandro Marcos, afirma que o grupo era extremamente organizado. “A quadrilha tinha uma organização sólida. Nível hierárquico, inclusive um gerente responsável por controlar a revenda e a distribuição das armas e das drogas. Os chefes de dentro da prisão repassavam as ordens e os membros cumpriam, tanto no tráfico quanto nas mortes”, explica o delegado.

A PC não informou como as ordens eram repassadas de dentro das cadeias para os membros da quadrilha.

Chefes agiam em Cascavel

A base da quadrilha era a cidade de Quedas do Iguaçu, mas, de acordo com o delegado Alex Sandro Marcos, com a expansão dos negócios e para facilitar a logística do tráfico, membros migraram para outras cidades, inclusive Cascavel. “É o caso de um casal preso hoje [ontem] em Cascavel. Eles eram de Quedas e se mudaram para Cascavel para facilitar o trabalho de logística. Inclusive, o homem era o braço-direito dos chefes, ele é quem recebia as ordens, inclusive das execuções, e as repassava para os membros”, garante Alex.

A quadrilha agia também em outros estados. Em novembro de 2017, um membro do grupo foi preso no Estado do Rio de Janeiro transportando um arsenal, com 62 pistolas e um fuzil, e ontem outro membro foi preso em Mogi das Cruzes, São Paulo. Outros membros já haviam sido presos anteriormente em Santa Catarina e Foz do Iguaçu.

Investigação e homicídios

A investigação da quadrilha começou em 2017 com o registro de alguns homicídios na região, um deles do secretário de Obras de Quedas, Jair de Andrade, em novembro daquele ano. A ordem para execução dele teria partido de Jocemara Prado, que ainda estava em liberdade na época, e executada pelos membros da quadrilha.

A polícia acredita que, com as 19 prisões feitas na Operação (das quais dez já estavam na prisão), mais homicídios na região possam ser elucidados. “Os detidos já começam a ser ouvidos e outras informações que ainda faltam em alguns casos devem ajudar na solução dos crimes”, afirma o delegado Alex Sandro Marcos.

Outros dois crimes ligados aos irmãos Prado são as mortes de dois policiais. Um policial civil foi morto por um terceiro irmão da família Prado, ainda em 1999, dentro da Cadeia Pública de Foz do Iguaçu. Ele estava preso no local e matou o policial para fugir. Outra vítima dos irmãos foi um policial militar assassinado em Guarapuava em 2017. Ele estava infiltrado no bando e, ao ser descoberto, foi executado com um tiro na nuca. Na ocasião, policiais entraram em confronto com a quadrilha e um quarto irmão da família Prado foi morto, quando o comando da organização passou para Jocemara e Cleber Prado, que continuam até hoje no controle da prática dos crimes, embora ambos estejam presos.

As investigações seguem para identificar outros possíveis membros do grupo que atuam em outros locais e para prender os já identificados que são considerados foragidos.

Mandados

Foram cumpridos ontem 19 mandados de prisão durante a operação: um casal em Cascavel, uma mulher em Guarapuava, duas mulheres e três homens em Quedas do Iguaçu e um homem em Mogi das Cruzes (SP). Outros dez mandados de prisão foram cumpridos contra integrantes da organização criminosa que já estão detidos em unidades prisionais de Curitiba, Guarapuava e Quedas do Iguaçu, porém continuavam a participar ativamente dos crimes da quadrilha.

Mais 90 policiais civis participaram da operação, incluindo equipes táticas de elite da PCPR, atuando em solo e no ar a bordo do helicóptero da corporação. Cães farejadores auxiliaram na busca de drogas, armas e munições.

Em uma das residências, explosivos foram necessários para abrir passagem para que os policiais pudessem acessar o local.

A operação foi denominada Adsumus, palavra com origem no latim que significa “estamos presentes”, demonstrando que a PCPR está atenta aos acontecimentos e atua cumprindo sua missão de combater a criminalidade.