Policial

PMs organizam manifestações para pressionar Estado

O estopim da mobilização foi a aprovação do fim da licença-prêmio, que compreende seis meses de férias remuneradas a cada dez anos de serviço prestado, para os policiais

Foto: Divulgação
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Reportagem: Cláudia Neis 

 Cascavel – Policiais militares, Bombeiros e familiares devem se reunir neste domingo (20) em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida, no Centro de Cascavel. A manifestação é organizada pela APCS (Associação dos Policiais, Cabos e Soldados) e visa pressionar o Estado para a manutenção de direitos da categoria e pedir uma posição em relação ao rejuste salarial. “A defasagem salarial da nossa categoria está em 17%; não recebemos reajuste há três anos e o que o governo está prometendo é parcelar cerca de 5% dessa defasagem. Nós queremos um posicionamento do governo em relação a isso”, afirma o advogado da APCS, Alisson Silveira.

O advogado da AFPOL (Associação da Família Policial), Ricardo Feistler, enfatiza a necessidade do reajuste para a categoria diante da ausência de outros benefícios. “Esse parcelamento da data-base e ainda assim o não pagamento total faz muita diferença no salário do policial militar e não pode ser aceito assim… Precisamos cobrar o cumprimento da lei. É uma categoria que só tem o salário, nenhum outro benefício e está em risco constante. Não estamos pedindo um aumento de salário, só o que é justo e já pertence ao policial por lei”, reforça Ricardo.

O governo do Estado definiu pagamento de reajuste de 5,08%, com a aplicação de uma parcela de 2% em janeiro de 2020 e mais duas parcelas, de 1,5% cada, em janeiro de 2021 e em janeiro de 2022. O índice pôs fim a uma greve dos servidores públicos estaduais deflagrada no fim de junho.

Ricardo destacou ainda a eficiência dos policias da região oeste do Estado, que, de acordo com dados, são os mais combativos e os que mais prendem. Outro dado citado por Ricardo é que 28% dos atestados apresentados por policiais são em decorrência de problemas psicológicos causados pela profissão.

Licença-capacitação

O estopim da mobilização foi a aprovação do fim da licença-prêmio, que compreende seis meses de férias remuneradas a cada dez anos de serviço prestado, para os policiais. “Essa proposta de transformar a licença-prêmio, um período que o policial tem para reposição da saúde mental, em um período em que o policial precisa se especializar [licença-capacitação] precisa ser revista. O que aconteceu foi que colocaram servidores civis e militares na mesma análise, sem ver qual a realidade vivida pelos policiais e a necessidade que eles têm, sem contar que esse é o único benefício da categoria” destaca Ricardo.

O advogado acredita que o governador Ratinho Junior possa vetar o projeto, pelo menos em parte.

Números que assustam

Um estudo realizado por uma policial militar, que analisou a expectativa de vida dos militares estaduais do Paraná e também a mortalidade deles no período de 2010 a 2018, traz dados alarmantes.

A expectativa de vida dos militares paranaenses é de 66,2 anos, nove anos abaixo da expectativa de vida da população brasileira (75,8 anos) e 11 anos abaixo da população paranaense (77,1 anos).

Além da análise de risco que os oficiais correm durante o serviço e a falta de qualidade de vida, o estudo destaca que o percentual de suicídio entre os policias é mais do que o dobro que da população em geral. O percentual de suicídio – entre as causas de morte – da população é de 6%, já entre as os militares paranaenses chega a 16%. Outro fator destacado é o aumento nos registro de suicídio ao longo dos anos.

Manifestações

A concentração dos policiais também acontece em Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Curitiba. Em Cascavel, a manifestação será às 10h de domingo (21) em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida.