Saúde

Lacrimejar com frequência não é normal, é sinal de alerta

Você anda lacrimejando muito? Seus olhos vivem molhados? Esse pode ser um sinal de alerta de que algo de errado está acontecendo.

Lacrimejar com frequência não é normal, é sinal de alerta

A principal função da lágrima é lubrificar e proteger os olhos. Elas são produzidas continuamente e drenadas por um canal chamado via lacrimal. Se esse sistema de drenagem estiver comprometido, ocorre o acúmulo da lágrima e, então, o lacrimejamento contínuo e excessivo.

Esse problema tem nome e muita gente não faz ideia do que seja: obstrução das vias lacrimais. “As lágrimas são produzidas pela glândula Lacrimal, que fica anexa às pálpebras, e fluem ao longo da superfície do olho, até que sejam drenadas e escoadas até o nariz. Se houver um entupimento da via lacrimal, o paciente começará a lacrimejar continuamente”, explica o médico oculoplástico André Borba.

Além do lacrimejamento constante, olhos molhados e secreção também são sinais de alerta. O diagnóstico precoce é importante para evitar uma futura infecção por bactérias, causada pelo acúmulo de água. “Algumas pessoas apresentam secreção ocular, dor e vermelhidão na região do canto interno do olho, próximo ao nariz. Isso quer dizer que a lágrima pode estar com bactérias e consequentemente representar um caso de infecção”, esclarece André Borba.

Ajuda

Em qualquer dos casos é importante procurar um especialista para que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível. Se for um problema crônico, o tratamento é a cirurgia que se chama Dacriocistorrinostomia. A cirurgia permite a confecção de um novo canal entre o saco Lacrimal e o nariz, permitindo o escoamento de maneira natural, e que a pessoa volte a ter sua vida normal.

Incidência

A obstrução da via lacrimal não escolhe idade. Existe um alto índice em mulheres com mais de 50 anos, mas pode acometer até mesmo em bebês, o que é comum.

A obstrução pode ser congênita, ou seja, quando a criança já nasce com o canal entupido. Nesse caso, André Borba ressalta que uma massagem pode resolver o problema. “Essa massagem deve ser realizada na região do saco lacrimal e faz com que a pressão rompa a membrana de hasner – que deveria ter se rompida em torno do nono mês de gestação. Esta membrana funciona como uma válvula que impede que a lágrima escoe”.

“Olho seco” pode causar excesso de lágrimas

Dizem que chorar faz bem. Mas verter lágrimas espontaneamente, quando não se está com vontade de chorar de alegria ou tristeza, pode ser um problema de saúde ocular que precisa de tratamento.

De acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, as lágrimas mantêm os olhos saudáveis e lubrificados, contribuindo com a limpeza de impurezas da estrutura ocular. Produzidas por pequenas glândulas situadas logo acima de cada olho, as lágrimas são drenadas por pequenos dutos da cavidade nasal, chamados dutos lacrimais. “O lacrimejamento excessivo pode nos levar a vários diagnósticos, que vão desde uma obstrução de um duto ou ainda uma alergia temporária, até o efeito colateral de algum medicamento ou ainda síndrome do olho seco. Daí a importância de fazer um check-up ocular quando o olho persiste em lacrimejar espontaneamente”, diz o médico.

Neves chama atenção para o principal problema do lacrimejamento anormal: risco aumentado de inflamação ou infecção ocular, causado pelo acúmulo de bactérias. “Quando os dutos estão bloqueados ou entupidos, as lágrimas passam a escorrer pelo rosto de forma sistemática. São três as obstruções mais recorrentes: da pálpebra (obstrução canalicular), do canto da pálpebra (estenose pontual) e nasal (duto nasolacrimal). Esse problema é mais comum a partir da meia idade e é mais frequente em mulheres – embora atinja a população masculina também. Neste caso, o paciente apresenta ‘olhos marejados’ ou até mesmo um traço de lágrimas escorrendo espontaneamente pelo rosto a maior parte do dia”.

Causas

Segundo o médico, em jovens, geralmente está relacionado ao uso excessivo de lentes de contato, alergias e conjuntivite. Na maioria dos casos, entretanto, costuma ocorrer em adultos e ser resultado de infecções, efeito colateral de determinados medicamentos, doenças do aparelho respiratório superior (sinusites), traumas e até mesmo tumores. Pacientes em tratamento de câncer na região da cabeça e pescoço também podem apresentar obstrução do duto lacrimal.

“Quando a raiz do problema é uma infecção, os olhos também podem ficar avermelhados e inchados. O paciente ainda pode se queixar de pálpebras ‘grudadas’ por conta de uma secreção purulenta. De todo modo, trata-se de um quadro que incomoda bastante a pessoa e, quando tratado logo no início, tem grandes chances de ser contornado rapidamente. Daí a importância de procurar ajuda médica assim que surgirem as primeiras evidências. O tratamento costuma ser realizado com antibióticos, mas pode ser necessário desobstruir o duto lacrimal através de uma intervenção cirúrgica – que poderá ser simples ou complexa, dependendo da localização e do tamanho do bloqueio”, afirma Neves.

Síndrome do Olho Seco

No caso da Síndrome do Olho Seco, o oftalmologista Renato Neves explica que também é comum o paciente apresentar lacrimejamento atípico. “Nesse caso, costumamos prescrever determinados colírios especificamente desenvolvidos para hidratar os olhos e mantê-los sempre lubrificados. Eles são fundamentais para pessoas idosas, que apresentam déficit de hidratação ou ainda tomam medicamentos de uso contínuo que acabam reduzindo lágrimas, saliva etc. E também são importantes para adultos que passam muitas horas trabalhando diante do computador. Neste caso, a pessoa deve reparar que pisca muito menos do que o comum e se obrigar a fazer pausas regulares para piscar, se hidratar e inclusive pingar algumas gotas de lágrimas artificiais – a fim de manter os olhos sempre bem lubrificados e evitar o lacrimejamento excessivo em pontos determinados”.