Saúde

Curitibana recebe alta do hospital após cirurgia de 12 horas para retirada de tumor de 30 kg: 'Gratidão, agora são novos passos'

Karina Rodini, de 31 anos, recebeu alta nesta quarta (24) depois de passar por cirurgia no dia 16 deste mês; médico dos EUA viajou a Curitiba para realizar operação. Ela tem neurofibromatose, que não tem cura ou forma de prevenção

Curitibana recebe alta do hospital após cirurgia de 12 horas para retirada de tumor de 30 kg: 'Gratidão, agora são novos passos'

Aos 31 anos, o começo de uma nova vida. Foi na manhã desta quarta-feira (24), quando a curitibana Karina Andressa Rodini recebeu alta hospitalar após realizar uma cirurgia de 12 horas para a retirada de um tumor de cerca de 35 quilos.

“Sentimento de gratidão e de alívio. Agora são novos passos. Nova Karina, nova vida, novos passos. Não tem como explicar. É o maior presente de Natal que eu ganhei, minha cirurgia”, comemorou.

Ela tinha pouco menos de dois anos quando descobriu a neurofibromatose, que é um conjunto de doenças genéticas que afetam, mais notadamente, a pele e o sistema neurológico.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a condição se origina de mutações genéticas que resultam em sintomas imprevisíveis. Um dos principais sinais da doença consiste no aparecimento de nódulos e tumores na pele (neurofibromas), de tamanho variável.

No caso de Karina, o maior tumor estava na perna e pesava cerca de 35 quilos.

De acordo com a curitibana, na cirurgia realizada no dia 16 deste mês, foram retirados cerca de 30 quilos de 400 gramas do tumor. Ela perdeu 42 quilos desde então.

Assista, acima, imagens da jovem após a cirurgia.

A cirurgia foi feita pelo médico Dr. McKay McKinnon, de Chicago, nos Estados Unidos da América (EUA), que é especialista em neurofibromatose. Ele fechou momentaneamente a clínica que tem para vir fazer a operação.

Na cirurgia, médicos retiraram tumor de cerca de 30 quilos — Foto: Reprodução/g1

Na cirurgia, médicos retiraram tumor de cerca de 30 quilos — Foto: Reprodução/g1

Logo após a cirurgia, ela não pôde fazer uso do celular por recomendação médica. Agora, com o aparelho em mãos, Karina contou que são muitas as mensagens positivas perguntando como ela está.

E, segundo ela, está bem e “muito contente”.

Depois dos 10 dias internada, os médicos orientaram que Karina deve manter uma rotina de caminhadas curtas para evitar trombose. Além disso, após se recuperar do procedimento, uma nova cirurgia será marcada.

Todos os caminhos que permitem que os sonhos sejam realizados.

“Continuo querendo viajar, sair comprar roupa nova, porque minhas roupas agora estão caindo. Tenho tanto convite de para onde ir, visitar minha avó em Foz ou meus tios em São Paulo, até de seguidores nas redes sociais me chamando para ir comprar roupa. E quero ir, para onde for, vai ser muito bom”, contou.

 

Esperança do recomeço

 

Cirurgia foi realizada por médico estadunidense no dia 16 de novembro, em Curitiba — Foto: Arquivo Pessoal/Karina Andressa Rodini

Cirurgia foi realizada por médico estadunidense no dia 16 de novembro, em Curitiba — Foto: Arquivo Pessoal/Karina Andressa Rodini

A retirada do tumor também possibilitou à curitibana e à mãe a esperança do recomeço.

Por conta do agravamento da doença, Karina saiu do emprego que tinha de auxiliar administrativa em um centro universitário, assim como a mãe, dona Fátima, que também saiu do trabalho para cuidar da filha.

“Agora ela [a mãe] vai poder ter a vida dela de novo, fazer as próprias coisas, ser livre. Assim como eu que agora me livrei de algo que me fazia mal. Ela merece seguir a vida, trabalhar, viajar, poder se preocupar com outras coisas e não mais viver em função do tumor”, celebrou.

 

Elas permanecem juntas, em casa, com dona Fátima sendo o suporte e o cuidado para a filha durante toda a recuperação.

Aviso imagens fortes — Foto: Arte/G1

Aviso imagens fortes — Foto: Arte/G1

No futuro, Karina também planeja trabalhar. Ela contou que agora, por conta das cirurgias em sequência que deve passar, ainda não é possível, mas que a busca pela reinserção no mercado de trabalho começa assim que ela estiver 100% recuperada.

“Quando estiver recuperada de todos os procedimentos, com certeza quero [voltar a trabalhar]. Encontrar um emprego, sair, enfim, viver”, planejou.

 

Karina Rodini, de 31 anos, tem neurofibromatose — Foto: Arquivo pessoal

Karina Rodini, de 31 anos, tem neurofibromatose — Foto: Arquivo pessoal

Por ora, o que não muda na vida de Karina é a relação com as redes sociais. Atualmente, ela tem 50 mil seguidores no Instagram, onde encontra o apoio de várias pessoas e também histórias como a dela. E continua o plano de contar sobre si, entre tantas coisas, para conscientizar.

“Quero que as pessoas saibam que é importante não desistir dos sonhos, por mais difícil que seja. Se você não insiste muito em algo que quer, não vai conseguir. Quando comecei minhas publicações, passei por humilhação, gente falando que era mentira, que eu estava inventando pra pegar dinheiro dos outros. Mesmo com tudo isso decidi continuar porque se a gente não se ajudar, ninguém vai. É preciso partir da gente o querer ser ajudado”.

Depois da alta, no caminho para casa, Karina celebrou nova vida — Foto: Arquivo Pessoal/Karina Andressa Rodini

Depois da alta, no caminho para casa, Karina celebrou nova vida — Foto: Arquivo Pessoal/Karina Andressa Rodini

Por isso, as publicações sobre como anda a própria vida e também a recuperação desta e das próximas cirurgias ainda serão compartilhadas na rede.

O objetivo, além disso, também é combater o preconceito, vivenciado por ela em tantas situações.

“Eu enxergo que as pessoas ainda têm preconceito, mas acredito que hoje em dia melhorou um pouco. Penso que as pessoas conseguiram entender que uma pessoa que tem uma doença é normal, porque hoje isso é falado, é conscientizado, esses casos são mostrados. Então as pessoas passaram a ver que uma pessoa com doença tem que ser tratada como uma sem”, reforçou.

De acordo com o Neurofibromatosis Center, no Brasil, existem cerca de 80 mil pacientes diagnosticados com neurofibromatose tipo 1.

(G1 Paraná)