Cotidiano

Caos na saúde: HU empresta antibióticos; Unioeste nega problemas

“Falta antibiótico, anestésico...”, desabafa diretor do HU

Caos na saúde: HU empresta antibióticos; Unioeste nega problemas

Cascavel – Após a reportagem publicada pelo Jornal O Paraná na edição de sexta-feira (5), em que pacientes e funcionários denunciaram falta de medicamentos básicos como analgésicos e antitérmicos no HU (Hospital Universitário) de Cascavel, a direção da Unioeste emitiu nota negando as informações. Mas a afirmação foi desmentida pelo diretor-clínico do hospital, Sérgio Luiz Bader: “Falta antibiótico, anestésico… além de materiais como seringa, cateter de algumas numerações entre outros materiais”.

Ele disse que, para evitar prejuízo aos pacientes, os medicamentos são emprestados de outros hospitais públicos e particulares da região. “Nós não podemos deixar um paciente sem o tratamento então buscamos em outros hospitais e, quando a situação se normalizar, devolvemos”, explica Bader.

Outra questão destacada é o prazo para a regularização do estoque de medicamentos que são comprados por licitação, processo que pode levar de 30 a 40 dias.

Salários dos médicos

Com os salários atrasados desde abril, os médicos terceirizados que atuam no HU estão atendendo apenas situações de urgência e emergência, pacientes urgentes clicados e obstetrícia, com parte da equipe médica atuando por plantão. A paralisação já dura uma semana e só deve terminar com o pagamento dos salários. “O valor que deveria ser pago aos médicos no dia 15 de junho, referente ao trabalho realizado em abril, é de R$ 1,5 milhão, mas aí no dia 15 de julho já deve ser pago o trabalho de maio, que passa de R$ 1,6 milhão, já que varia de acordo com a quantidade de dias do mês. E até agora não houve resposta. A promessa era de segunda-feira passada, agora é para a próxima semana, mas ninguém dá um prazo. Sem contar que, mesmo que o recurso seja liberado, tem toda uma questão burocrática até o dinheiro chegar aos médicos”.

Concurso

Outra questão que tira o sono do diretor clínico é o fim dos contratos com os médicos terceirizados, que, por uma decisão judicial, não poderão ser renovados. “A partir do dia 26 de agosto nós não teremos mais médicos e ninguém sabe o que será feito. Nós temos só oito médicos concursados e eles atuam na parte burocrática do hospital. Quem toca 80% do hospital são os terceirizados. E até agora nem a Unioeste nem o governo do Estado sinalizaram uma solução para o problema. Falta transparência nas coisas”, desabafa. “Os dias estão passando e vai chegar o dia que você não vai conseguir montar uma escala de médicos para atender as pessoas. Muitos médicos estão inseguros e já buscam emprego em outros hospitais”, alerta o diretor.

O concurso suspenso pelo Estado no início de maio trazia um erro na contratação dos profissionais. “No edital, a contratação de médicos era presencial, ou seja, eles teriam que ficar aqui no hospital. Onde eu ia pôr todos eles? Nós precisamos de médicos plantonistas”, enfatiza Bader.

Ele afirma que a equipe técnica do HU foi consultada de forma superficial sobre as necessidades de profissionais.

No entanto, a suspensão do concurso se deu porque a Unioeste não havia solicitado autorização do governo do Estado para realizá-lo e, conforme o Estado, não havia previsão orçamentária para isso.

Pedido de ajuda

Bader questionou a falta de envolvimento dos políticos com a situação do hospital: “A situação é grave e onde estão nossos deputados? Alguém precisa fazer alguma coisa além de pedir votos. Onde está o prefeito de Cascavel? Se 85% dos pacientes que atendemos são de Cascavel, alguém precisa interceder junto ao Estado”, instigou.

O diretor ainda complementou citando que o HU é referência para 45 municípios da região e, mesmo com hospitais particulares conveniados, a capacidade de atendimento deles é limitada pelas AIHs (Autorização de Internação Hospitalar).

Unioeste culpa burocracia

A direção da Unioeste afirma a maior dificuldade em pagar os salários deve em função da Drem (Desvinculação de Receitas de Estados e Municípios) que, pela Emenda Constitucional 93/2016, determina que 30% das receitas sejam retidas. E que estão sendo feito esforços com as Secretarias da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da Fazenda para buscar um meio jurídico legal para a liberação desses recursos retidos.

O reitor da Unioeste, Paulo Sérgio Wolff, afirmou que acredita que (novamente) na próxima semana deva ser encontrada uma solução definitiva para o problema. Ele afirma que essa situação vem se repetindo em outros hospitais universitários do Estado.

Reportagem: Cláudia Neis