Saúde

Brasileiro banaliza colírios

Interações com outros remédios podem inibir anticoncepcional, piorar glaucoma e causar outros problemas

Brasileiro banaliza colírios

O brasileiro pensa que colírios são inofensivos e usa à vontade. No inverno, a situação piora. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que a incidência de gripe, resfriado e outras doenças respiratórias triplica nesta época do ano e isso aumenta a irritação dos olhos.

Um levantamento realizado pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, nos prontuários do hospital mostra que durante a estação o maior consumo de diferentes remédios faz as interações perigosas com colírios atingir 20% dos pacientes, o dobro do restante do ano. “Este é o caso dos antibióticos que podem inibir o efeito da pílula anticoncepcional”, exemplifica.

O especialista alerta cardiopatas e hipertensos para redobrar a atenção sobre o uso de remédios para afinar o sangue com colírio adstringente para combater a irritação dos olhos que é bastante usado no frio. Isso porque essa associação pode causar hemorragia, já que o colírio tem ação vasoconstritora. A diminuição do calibre dos vasos e da oxigenação de todos os tecidos também predispõe a picos de hipertensão arterial, alterações cardíacas e, a longo prazo, à catarata.

Para combater a vermelhidão dos olhos sem correr risco, a dica do oftalmologista é aplicar nos olhos compressas de gaze embebida em água filtrada fria ou usar colírio hidratante sem conservante. Não desaparecendo em dois dias é necessário consultar um especialista.

Glaucoma

Queiroz Neto afirma que 90% de quem tem glaucoma faze tratamento com colírio para baixar a pressão interna dos olhos. Os colírios adstringentes e os descongestionantes nasais inibem o efeito do tratamento, salienta. Isso porque os dois medicamentos são vasoconstritores e levam à baixa perfusão ocular. O especialista explica que isso significa menor circulação sanguínea, de humor aquoso e de colírio antiglaucomatoso no olho que levam a progressão da doença.

O corticoide, sobretudo na forma de colírio, é outro remédio bastante usado no inverno que corta o efeito do colírio antiglaucomatoso, afirma. Isso porque, explica, prejudica a parte do olho que escoa o humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Resultado: O humor aquoso acumula no olho e a pressão intraocular sobe. “Pessoas que nunca tiveram glaucoma nem têm casos na família podem desenvolver a doença se o uso do corticoide for prolongado”.

Asma

O médico ressalta que outro exemplo de associação perigosa é usar colírio betabloqueador indicado para glaucoma com remédio broncodilatador. Isso porque, provoca falta de ar e dependendo da sensibilidade da pessoa uma crise de asma. “Os efeitos dos medicamentos diferem quando associados e usados isoladamente. A consulta ao Dr. Google não prevê esse risco”, afirma.

Aplicação de colírios em crianças

1.Deitar a criança de barriga para cima, com a cabeça reta para cima.

2.Solicitar que a criança feche bem os olhos.

3.Pingar a quantidade necessária de gotas no canto do olho.

4.Manter a cabeça da criança reta para cima.

5.Remover o excesso de líquido.