O fracasso na Rio-2016 foi o menor dos problemas. Afundada em dívidas de R$ 17 milhões, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) decide hoje o presidente que durante os próximos quatro anos terá a dura missão de comandar a modalidade. A Federação Internacional da Basquete (Fiba) suspendeu em novembro passado a entidade brasileira, o que implica no impedimento de clubes e seleções representarem o país em torneios internacionais, e propôs uma força-tarefa na CBB em conjunto com o Comitê Olímpico do Brasil e o Ministério do Esporte.
A perspectiva da força-tarefa é o principal ponto que divide os dois candidatos. Enquanto o candidato da chapa Bola na Cesta, Amarildo Rosa, presidente da federação paranaense, acredita que a medida é a tábua de salvação da entidade, a proposta é rejeitada pelo empresário Guy Peixoto, ex-jogador de basquete, da chapa Transparência.
Fim da era carlos nunes
Uma votação sobre o tema deveria ter acontecido ontem, mas, no início da semana, foi adiada pelo atual presidente da CBB, Carlos Nunes ? que se manteve no cargo por oito anos ?, com a justificativa de que a questão deve ser solucionada pela próxima gestão.
? Estamos precisando de ajuda, e tem gente que não quer ? reclama Rosa. ? Temos dívidas, estamos no fundo do poço. A CBB está morta, na cova. Se não for aceita a força-tarefa, vai ser jogada terra por cima. A Fiba não vai retirar a suspensão, não vai ter patrocínio estatal ou privado, não vai ter mágica.
Enquanto Rosa acredita que aceitar a força-tarefa proposta pela Fiba é o pontapé para que a entidade retire a suspensão do país, Guy Peixoto descarta a intervenção. Ele critica a suspensão e aposta na compreensão da entidade máxima do basquete.
? A primeira ação será retirar a suspensão do baquete brasileiro. Com essa suspensão tudo fica mais difícil. Fica mais complicado conseguir liberar verbas públicas, novos patrocinadores… ? afirmou Peixoto. ? Tenho certeza de que a Fiba acredita no nosso projeto e vai retirar a suspensão. Teremos transparência total de contratos assinados, firmados com patrocinadores, toda a movimentação financeira e atos da presidência.
Aposta na base
Se divergem num ponto polêmico, Rosa e Peixoto mantêm posições semelhantes em outros pontos. No discurso de ambos é evidente a preocupação com as divisões de base. As duas chapas propõem a realização de competições nacionais das categorias sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19 a fim de estimular a presença de jovens promessas em competições. Eles têm também uma visão otimista da modalidade.
? Estamos entre os 10 melhores do mundo. Nossas equipes vão bem em torneios internacionais, como sul-americanos, e jogamos de igual para igual com times da Europa, mas, quando vai mal na gestão, parece que tudo dá errado ? afirmou Rosa. ? No feminino não houve renovação. É pagina virada, começar do zero, esquecer tudo o que tem aí.
Peixoto aposta no surgimento de ídolos no país.
? Como sonhar se não tivermos ídolos? Precisamos resgatar a história do basquete brasileiro. Nós precisamos respeitar esses ídolos, os jogadores que fazem parte da nossa trajetória. Temos vários Ayrton Senna, só precisamos voltar a mostrar para a comunidade do basquete ? diz Peixoto.