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Sem reparos, Maracanãzinho pode perder finais do vôlei

63638199_ES Rio de Janeiro RJ 04-01-2017 Maracanãzinho - O ginásio foi deixado em más condições de m.jpgO Maracanãzinho está esquecido. Desde os Jogos Olímpicos, quando a seleção brasileira masculina de vôlei foi campeã, em 21 de agosto, o ginásio não recebe nenhum evento esportivo. Poderia abrigar novamente uma decisão do vôlei se o Comitê Rio-2016 tivesse pago pelas avarias no local, principalmente a troca da caixa de força elétrica que pegou fogo durante o evento e que inviabiliza o uso do ar condicionado, assim como compromete parte da iluminação. O custo da obra é de cerca de R$ 145 mil, segundo o Rio-2016, algo irrisório se comparado à reforma que fez no teto do ginásio à época (cerca de R$ 20 milhões, incluindo a colocação de quadras, já retiradas) e o que deve ser feito no Maracanã.

A Confederação Brasileira de Vôlei procura um local para as finais da Superliga masculina e feminina. Cogita o Maracanãzinho mas, por via das dúvidas, mantém contato com a Arena da Barra e com outras três cidades fora do Rio. A decisão feminina deve ocorrer em 23 de abril e a masculina, em 7 de maio.

O local só não ficou entregue às moscas porque em fevereiro foi palco do 9.º Congresso Fogo de Avivamento para o Brasil, da Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus. O evento, para cerca de 2 mil pessoas, ocorreu sem ar condicionado e com problemas de iluminação. O pedido para o uso veio do governo do Estado, que tem direito a seis datas, em ofício assinado pelo secretário chefe da Casa Civil, Christino Áureo.

Segundo a pasta, o Estado pode realizar eventos relacionados às próprias secretarias ou indicar os eventos, como foi o caso deste congresso, já que ?orientações religiosas não são levadas em consideração para a realização de eventos nesses dias?.

O local já abrigou casamento coletivo, campanhas da Secretaria de Saúde, do Detran e o beneficente Jogo das Estrelas, todos com datas cedidas pelo governo.

EMPURRA

A juíza da 4ª Vara de Fazenda pública da capital, Maria Paula Gouvea Galhardo, atendeu a um pedido do governo do Estado do Rio que argumentou que os dois equipamentos não foram devolvidos nas mesmas condições recebidas pelo Rio-2016. Assim, determinou prazo de um mês para a realização das obras. Se não cumprir, o Rio-2016 terá de pagar multa diária de R$ 100 mil.

? Vamos cumprir o que determina a Justiça e faremos os reparos dos itens que nos comprometemos quando entregamos o complexo à concessionária, no valor de cerca de R$ 500 mil. Esperamos que dê tempo para a realização das partidas de vôlei ? declara Mario Andrada, diretor de comunicação do Rio-201, que afirma que o Maracanãzinho teria condições de receber eventos esportivos mesmo sem essa intervenção na caixa de força elétrica. ? O incêndio em questão aconteceu em julho e os jogos de vôlei da Olimpíada foram realizados com ar condicionado.

Não é o que a Odebrecht, que lidera o Consórcio Maracanã S.A., afirma. Segundo a empresa, o incêndio foi em setembro e as 56 irregularidades em relação ao estado de conservação, constatadas desde a entrega do complexo, ainda estão pendentes. Inclui na lista, a recolocação das cadeiras do Maracanã com a numeração correta, respeitando o mosaico, e um laudo técnico sobre a drenagem do campo.

? A drenagem está funcionando por isso está tendo jogo no Maracanã. Não será feito porque não precisa ser feito ? retruca Andrada, que discorda ainda de possíveis reparos na cobertura do estádio, alegando que entregou laudos técnicos.

Esses documentos, porém, apontam itens soltos na cobertura. De acordo com o documento elaborado pelo Rio-2016, esses objetos têm risco de queda e poderiam ter colocado em xeque a segurança dos torcedores que estiveram no Maracanã no ano passado.

A cobertura do estádio, já havia sofrido dano (redução da sobrevida da lona) durante a Copa do Mundo de 2014 que, segundo a própria Odebrecht, não foi resolvido. A empresa explicou que o dinheiro da indenização, cerca de R$ 16 milhões, está ?em conta separada, reservada para a manutenção?, e que os Jogos Olímpicos podem ter piorado a situação (por causa das quatro queimas de fogos para as festas além do sobrepeso na estrutura).

Segundo a Odebrecht, que negocia com dois grupos o repasse da concessão do complexo, será preciso ainda fechar as aberturas nos forros dos tetos (para passagem de cabos), repôr peças do forro, cobertura, portas e fechaduras danificadas, retirada e recuperação de estruturas de suporte de passagem dos cabos de tecnologia, troca de caixas de extintores e de mangueiras de incêndio, troca de porta de vidros danificadas, reposição de catracas de controle, reposição de estruturas, danos de acabamentos internos, marcação de vagas de estacionamento, retirada de película em vidros de camarote, reposição de comunicação visual do Maracanã, entre outros itens.