A delegação russa pode não apresentar a grandiosidade de outros tempos. Fora o atletismo, banido dos Jogos do Rio, os russos estarão ausentes em diversas modalidades. Porém, isso não representa uma queda direta no número de medalhas previstas. Dentre as ausências, há seleções completas, que fazem número mas só contam uma medalha para o país.
No caso russo, seis times não conseguiram se classificar para as Olimpíadas, sendo 87 atletas a menos na contabilidade da delegação. Só com esses nomes, o número total ultrapassaria 400 integrantes.
Rússia não é banida pelo COI – 24.07
No entanto, das seleções que deixaram de vir ao Rio, somente as de basquete, tanto no masculino quanto no feminino, poderiam ter alguma chance de medalhas. Os homens, por exemplo, foram bronze em Londres-2012. Mas foram muito mal no Campeonato Europeu de 2015, ficando em 17º, e sequer participaram do pré-olímpico. As mulheres, que ficaram em terceiro em Atenas-2004 e Pequim-2008, também não conseguiram a vaga.
Os demais esportes coletivos que ficaram fora do megaevento não têm tanta tradição olímpica. No futebol, por exemplo, as mulheres nunca foram. Já a última vez dos homens foi em 1984-Los Angeles, ainda sob a bandeira da União Soviética. O pólo aquático masculino não se classifica há três edições; e o handebol masculino já ficara ausente em Londres-2012.
Nos esportes individuais, a Rússia perdeu potenciais medalhistas olímpicos que caíram em exames antidoping. O caso mais emblemático é o da tenista Maria Sharapova, antiga líder do ranking feminino, suspensa por dois anos devido ao uso de Meldonium.
Outro golpe duro veio no levantamento de peso, com o banimento por quatro anos de Aleksey Lovchev. Campeão mundial acima de 105 kg em 2015, quando também quebrou o recorde mundial ao levantar 475 kg, Lovchev teve esses resultados anulados após um exame antidoping acusar a presença do hormônio Ipamorelin. Em maio, a federação internacional diminuiu em duas vagas a cota da Rússia na Rio-2016, devido ao doping de Lovchev e de outros atletas do levantamento de peso, que havia trazido seis medalhas (cinco de prata e uma de bronze) para o país em Londres-2012.
IMPACTO NAS PISTAS
O maior impacto no quadro de medalhas da Rússia, porém, será sentido no atletismo, único esporte em que os russos receberam veto completo na Olimpíada do Rio ? a exceção é a saltadora em distância Darya Klishina, autorizada a competir como atleta neutra por viver nos EUA. Desde Atlanta-1996, os russos conquistavam, em média, 15 medalhas no atletismo em cada edição, o que representava até 20% do total de pódios do país em todos os esportes.
A Rússia tentou inscrever 68 nomes no atletismo na Olimpíada do Rio, o que faria esta delegação russa da modalidade a menor desde os 91 atletas que competiram em Atlanta. Considerando a média russa das últimas cinco Olimpíadas ? uma medalha conquistada para cada 7,5 competidores no atletismo ?, a expectativa para a Rio-2016, caso toda delegação fosse liberada, seria de nove medalhas na modalidade.
No entanto, os resultados da Rússia nas principais competições de 2015 ? antes do atletismo russo ser suspenso devido ao escândlo de doping ? davam ao país chances reais de estar em mais de 15 finais olímpicas, os ?eventos de medalha?. Em um cenário otimista, portanto, o desempenho do atletismo russo poderia até superar o número de 16 medalhas conquistadas em Londres-2012, quando a delegação (106) era 40% maior do que a previsão original da Rússia para os Jogos do Rio.