Depois de cinco anos da derrubada do Autódromo de Jacarepaguá, para construção de equipamento olímpico, o Rio tem uma nova promessa para reacender o automobilismo na cidade. A prefeitura anunciou nesta quarta-feira o chamamento público para a elaboração de estudo técnico e de viabilidade de construção de um novo autódromo em Deodoro, próximo ao Parque Radical, por meio de Parceria Público Privada. Segundo o prefeito Marcelo Crivella, já há interessados no negócio, que deve ter sua viabilidade confirmada antes de se iniciar o processo licitatório.
Presente no evento, na tarde desta quarta-feira, no Palácio da Cidade, o presidente da Federação de Automobilismo do Estado do Rio de Janeiro, Djalma Neves, afirmou que um dos grupos interessados conta com a presença do alemão Hermman Tilcke, engenheiro responsável pelo desenho de vários circuitos da Fórmula-1.
– Não sei qual grupo que ele representa, mas ele já esteve em contato com a prefeitura. Esse interesse já é antigo, e eles demonstraram vontade de entrar no processo ? disse.
Prazos e valores do empreendimento não foram anunciados. Até porque tudo depende do estudo de viabilidade a ser feito pela empresa vencedora do chamamento público. Nesse primeiro passo, as empresas têm até 90 dias. Mas os envolvidos garantem que é o início de uma retomada. No plano de negócios não consta apenas um autódromo, mas um grande parque que comporte escolas, comércio, rede hoteleira numa área de mais de dois milhões de metros quadrados, que pertencia ao Exército, mas foi adquirida pelo Ministério do Esporte.
– Há uma gama de eventos que o Brasil e o Rio foram perdendo e poderiam retomar, como Fórmula Indy, MotoGP, mundial de Endurance ? ressaltou Neves, destacando que, apenas um autódromo de alto nível, custa cerca de R$ 200 milhões.
O Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que antecede a licitação, assinado nesta quarta-feira, é fruto da união de vários segmentos do automobilismo, que conseguiram voz junto ao poder público. Tanto que o evento contou com a presença de nomes conhecidos do meio, como os pilotos Cacá Bueno e Bia Figueiredo.
– Toda grande cidade turística tem um autódromo. E, em muitos lugares, o autódromo faz parte de um parque, como em Monza, Dubai, Austrália. A família toda vai, tem entretenimento, espaço para formação de pilotos. Hoje, sou o único piloto do Rio na Stock Car. Estou com 40 anos e daqui a pouco não terá mais ninguém. Não temos formação de novos pilotos aqui ? argumentou Cacá.
Apesar do novo movimento da prefeitura, há outros acordos de construção de um novo autódromo desde antes de o Rio ser eleito sede dos Jogos Olímpicos. Em 2007, houve um acordo na justiça durante a candidatura da cidade. O processo foi arquivado quando o Rio virou sede. Logo depois, um outro acordo, desta vez extra judicial, foi feito entre Ministério do Esporte, Comitê Olímpico Brasileiro, Prefeitura e Confederação Brasileira de Automobilismo. Na ocasião, estimou-se um custo de R$ 100 milhões para um novo autódromo, que seria feito no mesmo terreno de agora. O município arcaria com R$ 60 milhões; o restante seria do governo federal ou PPP.
– Nos dois acordos, o novo autódromo deveria ter sido construído antes da demolição do de Jacarepaguá ? afirmou Neves.