RIO – “Eu sou radical, então, acho que alguma coisa tem que ser feita para causar impacto. E, na minha visão, tem que atingir as olimpíadas”. Esse é o trecho de uma mensagem de áudio que um coronel reformado do Corpo de Bombeiros do Rio enviou a outros oficiais aposentados que planejam manifestações durante os jogos olímpicos. Insatisfeitos com as consequências da crise financeira que tem provocado o atraso ou parcelamento dos salários de servidores ativos e inativos, pelo menos três coronéis pretendem obstruir as vias olímpicas, por onde os atletas passarão, e faixas de BRTs, que serão utilizados pelos espectadores do evento.
As mensagens foram trocadas através do WhastApp. Na conversa, os coronéis sugerem radicalizar e impedir a circulação de veículos nas principais vias que serão utilizadas pelas delegações no deslocamento aos parques olímpicos da Barra da Tijuca e de Deodoro.
Nós realmente poderíamos pensar em obstruir as vias olímpicas, mas divulgar isso com antecedência que é para saber que nós estamos dispostos a qualquer coisa. Para tudo. Chega lá e acaba. Não vai ter Olimpíada afirma um coronel.
Outro oficial aposentado, que é político na cidade de Nova Friburgo, concorda com as sugestões do colega:
Concordo com a ideia de impactar nas Olimpíadas. Eu morro em Nova Friburgo, não posso estar aí sempre no Rio de Janeiro, mas, realmente, se for combinado e organizado algo para impactar a Olimpíada, pode contar comigo reforça.
Nesta quinta-feira, quando a Secretaria de Estado de Segurança Pública anunciou o pedido para que as Forças Armadas atuem durante os jogos, o Superintendente Extraordinário para Grandes Eventos, coronel bombeiro Wanius de Amorim, disse que “os áudios já estão passando por um processo de perícia. Já estamos levantando autoria e materialidade. Caso sejam comprovados os autores e a materialidade, seja no campo administrativo ou penal, não importa se for da ativa ou da reserva, terão que responder perante a lei”.
Questionada nesta sexta-feira, a assessoria de imprensa da corporação afirmou que “até o momento, não foram cometidos atos considerados passíveis de punição”.