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No embalo de Joel Santana, Boavista trilha novas rotas na Copa do Brasil

Após dois meses de Joel Santana, o Boavista começa a sentir o embalo do discurso inspirador que fez a fama do experiente comandante, hoje com 68 anos. Motivador inabalável, acostumado a extrair o melhor de cada jogador e flertar com feitos aparentemente impossíveis, Joel já conduz o Boavista à sua melhor participação na Copa do Brasil. O time de Saquarema recebe o Sport-PE nesta quarta-feira, às 21h45m, pela terceira fase da competição, onde jamais havia chegado.

Liderada pelo meia Diego Souza, convocado para defender a seleção brasileira nas eliminatórias da Copa do Mundo neste mês, a equipe pernambucana terá de se embrenhar no alçapão de Bacaxá. O Boavista recorreu a uma empresa de geradores de energia para ter condições de receber a partida pela Copa do Brasil no seu estádio Elcyr Resende, que opera com cerca de 3 mil lugares e não vinha recebendo jogos à noite.

Ainda estamos procurando o melhor equilíbrio. Não se acha a equipe ideal em dois meses. Se criar uma família no mundo real já é díficil, imagina juntando 30 jogadores

O Boavista quer aproveitar cada elemento a favor para seguir no embalo. A equipe surpreendeu o Ceará na primeira fase da Copa do Brasil, disputada em jogo único. Até o empate classificava a equipe do Nordeste, mas o Boavista buscou a vitória no seu estádio Elcyr Resende com gol de Marcelo Nicácio aos 51 minutos do segundo tempo. Na segunda fase, o time se impôs no Canindé e venceu a Portuguesa por 2 a 0.

As vitórias após um início ruim de temporada: no Carioca, o Boavista largou com duas derrotas e um empate. Joel percebeu que precisava mudar algo, abandonou o 4-4-2 e passou a escalar sua equipe no 3-5-2, por vezes variando para o 3-6-1. Contra a Portuguesa, por exemplo, o jovem Mosquito, revelado pelo Vasco, era o único atacante de ofício. Com a formação, além de duas vitórias na Copa do Brasil, o Boavista chegou a abrir 2 a 0 no Botafogo antes de tomar a virada. Bem a seu estilo, Joel justifica o fracasso com simplicidade: ?erramos como criança no bê-a-bá?.

? Ainda estamos procurando o melhor equilíbrio. Não se acha a equipe ideal em dois meses. Queremos, no lado esportivo, achar o equilíbrio técnico, físico e psicológico. E procuramos também formar uma família, isso não acontece da noite para o dia. Se criar uma família no mundo real já é díficil, imagina juntando 30 jogadores ? filosofa Joel.

NATALINO NA MODA

Boavista – 07.03 Desde que foi apresentado no Boavista, em dezembro, Joel diz que está se ?reinventando? ? ?a palavra que está na moda?, segundo o próprio. O que parece estar na moda em Saquarema, no entanto, é o bom e velho estilo de Joel: um técnico afeito à simplicidade tanto nos esquemas táticos quanto no trato pessoal com os jogadores.

Quando é questionado sobre a chave para o Boavista ampliar o sucesso, Joel não faz referências individuais, tampouco se gaba do esquema tático que dá certo. Prefere falar na conciliação egos, em ?absorver pensamentos grandes?, mas sem torná-los um fardo para os jogadores. O elenco do Boavista tem nomes experientes, como o zagueiro Antônio Carlos (ex-Flu) e o goleiro Felipe (ex-Fla), dividindo espaço com jovens, desde os titulares Lucas Rocha e Maranhão, ambos de 21 anos, até o reserva Lucas Perdomo, de 20, inocentado recentemente em um caso de estupro coletivo.

? Às vezes é fácil montar uma equipe. A questão é ter um objetivo comum. Todos temos objetivos na cabeça e no ego. Nosso objetivo no Carioca era chegar à semifinal da Taça Guanabara, mas tivemos dificuldades no início. Não faz mal, queremos chegar mais forte na Taça Rio, e vamos usar a Copa do Brasil para mostrar que somos capazes ? avalia Joel.

O elenco treina durante a semana no CFZ, na Barra da Tijuca, mas sempre viaja para Saquarema na véspera dos jogos, onde costuma terminar a preparação no Centro de Desenvolvimento do Vôlei, mantido pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) na cidade. Joel, até agora, só reclamou de uma viagem: a da estreia no Carioca, quando teve que viajar até Natal para enfrentar o Flamengo e ser goleado por 4 a 1.

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Depois de ter dirigido em várias oportunidades os quatro clubes grandes da capital, Joel mostra estar de bem com a vida na Região dos Lagos, onde a classe média carioca costuma passar férias. Para o treinador, no entanto, é sinônimo de trabalho.

? É bom diversificar um pouco, sair da mesmice. A Região dos Lagos é um lugar maravilhoso, recebe até o circuito mundial de surfe. Não é à toa que a CBV quis fazer um centro de treinamento aqui ? elogia Joel, antes de falar sério sobre a partida desta quarta-feira ? É importante não tomar gol dentro de casa. Temos que pensar, antes de mais nada, em ganhar. A palavra ?vitória? já é muito importante para nós.

FICHA DO JOGO:

Boavista: Felipe, Lucas Rocha, Antônio Carlos e Gustavo Geladeira; Maicon, Maranhão, Thiaguinho (Vitor Faíska), Erick Flores e Pedro Botelho; Mosquito e Marcelo Nicácio.

Sport: Magrão, Samuel Xavier, Ronaldo Alves, Durval e Mena; Rodrigo, Ronaldo e Diego Souza; Everton Felipe, Rogério (Neto Moura) e Leandro Pereira.

Árbitro: Marcelo Aparecido de Souza (SP)

Local: Elcyr Resende, em Saquarema

Horário: 21h45m