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Mayra Aguiar ganha o bronze no judô

RIO – A judoca brasileira Mayra Aguiar conquistou nesta quinta-feira a medalha de bronze na categoria meio-pesado (até 78 kg) ao derrotar a cubana Yanlennis Castillo na Arena Carioca 2, na Barra. Ela igualou seu resultado de Londres-2012, quando também conquistou a terceira colocação na categoria. Com a vitória de Mayra, o judô brasileiro chega a sua 21ª medalha olímpica. Nesta edição dos Jogos, é a terceira do país, após o ouro de Rafaela Silva, também no judô, e a prata de Felipe Wu, no tiro.

A trajetória de Mayra Aguiar no judô começou cedo. Ainda criança, quando tinha seis anos, seu pais resolveram que ela deveria fazer alguma atividade física e acabaram matriculando a menina em aulas do esporte. Desde então, mesmo praticando também outras modalidades, o judô acabou conquistando o coração da pequena gaúcha de Porto Alegre.

Minutos antes de entrar na disputa pela medalha de bronze, Mayra foi eliminada na semifinal ao perder para a francesa Audrey Tcheumeo, número 2 do ranking mundial.

A europeia era freguesa da brasileira. Nas últimas cinco vezes que se enfrentaram, Mayra venceu quatro. Mas desta vez, não deu. Quando foi campeã mundial, em Chelyanbinsk-2014 (na Rússia), Mayra venceu a francesa na final. A última vez que se encontram foi em outubro de 2015, na semifinal do Grand Prix de Abu Dhabi. A única vitória da francesa sobre Mayra havia sido no primeiro encontro das duas, numa semifinal do Grand Slam de Paris, em 2011.

Nas quartas de final, Mayra superou a alemã Luise Malzahn, que sofreu uma punição (shido) por falso ataque. Na estreia no tatame, já nas oitavas de final, foram necessários apenas 40 segundos para Mayra superar a australiana Miranda Giambelli. Para delírio do público, a brasileira combinou um waza-ari e imobilização para chegar ao ippon.

No masculino, o brasileiro Rafael Buzacarini, 20º no ranking mundial, começou na categoria até 100kg. Na manhã desta quinta-feira, o judoca passou pelo o uruguaio Pablo Aprahamian com uma chave de braço. Mas, na rodada seguinte, Buzacarini, apelidado de Bolo Cru, perdeu do campeão mundial, o japonês Ryunosuke Haga, número 6 do mundo, por ter sofrido uma punição (shido), e ficou sem chance de subir ao pódio olímpico.

Na sexta-feira, último dia de competição, será a vez de Maria Suelen e Rafael Silva. Para a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) alcançar a meta de superar o desempenho de Londres-2012 (quando conquistou um ouro e três bronzes), pelo critério do Time Brasil, seria preciso que os quatro judocas subissem ao pódio. Afinal, o objetivo é ficar no top 10 no quadro total de medalhas. Ou seja, o critério não é por cor de medalhas, e sim por quantidade de pódios. E até o momento o judô obteve uma medalha, com o ouro de Rafaela Silva.

META NÃO DEFINIDA

Na quarta-feira, Tiago Camilo entrou no tatame e, com um lindo ippon, venceu o sul-africano Zack Piontek. Em seu segundo confronto, contra Mammadalo Mehdiyev, do Azerbaijão, o judoca mais experiente desta seleção brasileira dominou e teve o controle quase inteiro na luta, mas num raro momento de vacilo, aos 3min46s, levou um wazari e não conseguiu reverter o resultado. Após o adeus precoce em sua última participação olímpica, Tiago desabafou.

— Todo mundo esperava mais do judô brasileiro até agora. E isso é justo, por todo o talento que nós temos. A gente poderia ter escrito uma história diferente nesses dias que se passaram — lamentou ele, medalhista de prata (Sydney-2000) e bronze (Pequim-2008), que fez sua despedida dos Jogos. — Pretendo lutar apenas mais um ano pela seleção para ir ao Mundial do ano que vem. Entretanto, até para aliviar a pressão sobre os judocas, a CBJ não quis estipular um número de pódios nessa competição, conforme costuma fazer em outros torneios. A alta diretoria da entidade afirma apenas que quer superar Londres-2012. Inicialmente, imaginava-se que o critério fosse quantitativo, conforme quer o Time Brasil. Mas no decorrer desta competição, com as seguidas eliminação dos judocas, passou a se falar em um critério qualitativo. Ou seja, desde que o Brasil conquiste um ouro e uma prata, ou dois ouros, a missão de superar o desempenho de Londres-2012 estaria cumprida.

Neste ciclo olímpico, o judô foi considerado um esporte “vital” pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) na busca por medalhas. E isto se justifica pelo fato de o esporte ser o único do país a subir no pódio em todos os megaeventos desde Los Angeles-1984. Nenhuma outra modalidade possui essa regularidade no Brasil. E, apesar de os resultados do judô terem sido um tanto frustrantes até o momento, foi no tatame que o Brasil conquistou uma das duas medalhas até agora, a única de ouro.

Para alcançar a meta pelo critério do COB, a missão é quase impossível. Mayra Aguiar e Rafael Silva, ambos medalhistas de bronze em Londres-2012, são candidatos fortes ao pódio no Rio, quase certeza de medalha. Pódios de Maria Suelen e Buzacarini seriam uma grata surpresa. No entanto, outros favoritos desta seleção já caíram em sequência. No primeiro dia, os medalhistas em Londres-2012 Sarah Menezes e Felipe Kitadai deixaram o tatame olímpico carioca sem pódio. No dia seguinte, a mais regular desta seleção, Érika Miranda, que havia medalhado em todos os mundiais do ciclo olímpico, bateu na trave do bronze. No terceiro dia, Victor Penalber, apontado pela respeitada revista americana “Sports Illustrated” como medalhista de bronze no Rio, deu adeus em sua segunda luta. E Mariana Silva, que deu pinta de ser uma grata surpresa, chegou às semifinais, mas acabou não indo ao pódio também.

CAMINHO ESPINHOSO CONTRA O FRANCÊS

Para alcançar a meta pelo critério da CBJ, a principal chance é com Mayra Aguiar, já que ela só pegaria sua maior rival e atual campeã olímpica, a americana Kayla Harrison, teoricamente, em uma possível final. E, mesmo que perca, a medalha de prata somada ao ouro de Rafaela superariam qualitativamente o desempenho em Londres-2012. Já no caso de Rafael Silva, o Baby, a situação é ainda mais complicada. Kayla e Mayra tem um histórico equilibrado de duelos, com oito vitórias para cada lado. Já Baby, se passar pelas duas primeiras lutas, pega o temido francês Teddy Riner nas quartas de final. Teddy é o maior nome atual do esporte, foi ouro em Londres-2012, tem nove títulos mundiais e está invicto há seis anos. Baby e Riner já se enfrentaram seis vezes, obviamente, sempre com vitórias do francês. A mais dolorida delas foi na final do Mundial do Rio, em 2013, quando Baby ficou com a prata.