Engana-se quem pensa que no corpo de 50 mil voluntários do Rio-2016 só tem sul-americano: mais de 1.300 voluntários britânicos estão a caminho da cidade olímpica ? muitos deles com prévia experiência, na última edição, Londres-2012. O maior contingente de fora do continente a oferecer ajuda vai se juntar pelas próximas três semanas aos brasileiros, que compõem 80% da força de trabalho voluntária, e às demais 154 nacionalidades inscritas no programa. Como recompensa, apenas uniforme e vale-refeição: esperam que a experiência valha o investimento da viagem.
Uma delas é Mary O?Leary, de 56 anos, que se aposentou no começo do mês para, entre outros motivos, viajar na quarta-feira ao Rio e ajudar fotógrafos na competição de levantamento de peso, segundo conta o ?The Guardian?. ?Eu nunca compraria ingresso para ver levantamento de peso, mas provavelmente vai ser divertido e eu não terei essa oportunidade outra vez?, disse Mary ao jornal britânico sobre o seu segundo voluntariado, depois de Londres-2012.
Também na Barra da Tijuca, trabalhará Rosemary Head, de 75 anos. Em 2012, ela trabalhou no setor de transporte ? encontrou, inclusive, o campeão jamaicano Usain Bolt, no que considera ter sido ?o melhor dia de sua vida?. Agora, deve usar a experiência de 30 anos na maior rede de lojas de departamento do Reino Unido para chefiar o time do centro de distribuição de impressos ? em alguns dias, em um turno que ultrapassa a meia-noite.
?Eles me perguntaram por que eu gostaria de fazer isso e eu disse que seria a realização de um sonho, já estarei em meu 76º dia. Eu só queria representar a geração mais velha do Reino Unido?, disse Rosemary ao diário local.
O empenho dos britânicos acompanha o trabalho da instituição de caridade Join In, que se compromete a manter o espírito do voluntarismo no esporte local e cativou muitos voluntários a fazerem parte do grupo após 2012. Atualmente, são 3,2 milhões de britânicos nesta seara pelo país, informou ao ?The Guardian? a chefe executiva Rebecca Birkbeck, segundo quem a organização dos Jogos em Londres-2012 ajudou a expandir o ideal. Até por isso, dada a ?capacidade de reter pessoas e recrutas novos ajudantes?, doze britânicos foram escolhidos pela entidade como ?voluntários do legado?, isto é, deverão espalhar pelo Rio as vantagens de doar o tempo à causa.
Em entrevista ao jornal britânico, a gerente do programa des voluntários do Rio-2016, Flavia Fontes, que avaliou 300 mil inscrições, afirmou que o Rio ?pode emular este espírito, já que o Brasil não possui uma cultura de voluntarismo consolidada?. ?Nós trabalhamos muito nisso nos últimos dois anos: ?A hospitalidade que você [brasileiro] demonstra naturalmente, use-a em favor dos Jogos??.