A derrota para o japonês Ju Mizuntani, o sexto no ranking mundial, levou Hugo Calderano aos prantos. Mas o atleta brasileiro tinha consciência do feito conquistado nesta Olimpíada em casa: ele igualou o melhor desempenho de um atleta do país no tênis de mesa ao chegar às oitavas de final. Hugo Hoyama, ídolo do esporte, conseguiu avançar para as oitavas em 1996, na Olimpíada de Atlanta. Foi o ano em que Calderano nasceu. Os dois Hugos detêm agora o melhor desempenho, o nono lugar, já alcançado por mesa-tenistas brasileiros.
— Não foi nem um choro de tristeza. Se ganhasse, eu também ia chorar. É muita emoção estar jogando essa Olimpíada aqui em casa, com todo mundo torcendo muito. O tênis de mesa não é um esporte popular. Pode ter sido uma derrota nesse jogo, mas foi uma vitória para o tênis de mesa brasileiro — disse Calderano após a disputa.
O brasileiro é o 54º no ranking mundial e teve chances reais de derrotar o japonês, avançar para as quartas-de-final e fazer história no tênis de mesa. A torcida brasileira compareceu ao pavilhão 3 do Riocentro, fez muito barulho e foi decisiva para empurrar o atleta em direção a uma vitória.
Calderano começou mal a partida e perdeu os dois primeiros sets, por 11 a 5 e 11 a 6. Depois, o atleta reagiu e venceu os dois sets seguintes: 13 a 11 e 11 a 8. Mizuntani faturou o quinto e o sexto sets e levou a partida, por 4 a 2. Calderano chegou a abrir três pontos e a estar a um de vencer o último set, o que empataria o jogo e o levaria para um sétimo set decisivo, mas o japonês conseguiu virar o placar.
— Eu fiquei muito feliz com a minha campanha. Foi um grande resultado chegar às oitavas-de-final. Deixei escapar uma chancezinha de ir ao sétimo set, mas acontece. Ele (Mizuntani) é um grande jogador, sempre joga muito nos pontos que são importantes — afirmou Calderano.
O brasileiro disse ter “grande poder de foco e concentração” e planeja seguir com os treinos na Alemanha, onde mora. O auge ele planeja para a Olimpíada de 2020, em Tóquio, ou mesmo para os jogos de 2024.
Infográficos tênis de mesa 08.08
— Ainda tenho 20 anos e espero que, com a experiência, eu possa levar a melhor na próxima Olimpíada. Hoyama foi um grande ídolo do nosso esporte, mas não gosto de ficar comparando. São épocas diferentes. Claro que fico feliz em repetir o feito dele. Espero que as pessoas comecem a me ver como ídolo para a garotada começar a jogar tênis de mesa.
Além do nono lugar numa Olimpíada, Calderano foi bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude em Nanquim (2014) e ouro nos Jogos Pan-americanos em Toronto (2015), no individual e em equipe. O atleta também foi campeão do Aberto do Brasil e vice nas finais do circuito mundial juvenil.