A vitória do Palmeiras sobre o Botafogo havia esfriado um pouco os rubro-negros, mas tudo parecia caminhar a favor do Flamengo contra o Coritiba. Jogando bem, o time abriu 2 a 0 com naturalidade no primeiro, resultado que não apenas lhe devolvia ao segundo lugar no Brasileiro, como garantia a vaga direta na fase de grupos da Libertadores de 2017. Um cochilo no fim do primeiro tempo e uma péssima atuação depois do intervalo puseram tudo a perder. O Coritiba empatou, o Flamengo segue em terceiro e já não pode mais sonhar com o título. A sete pontos do Palmeiras, faltando apenas duas rodadas, o cheirinho ficou de vez no passado.
No fim do terceiro empate no terceiro jogo no Maracanã neste Brasileiro, a torcida que compareceu em bom público (40 mil presentes) vaiou muito o a equipe rubro-negra, com direito a gritos de “time sem vergonha” após o apito final.
? Saímos vencendo, poderíamos ter liquidado, fizemos um segundo tempo bem abaixo e pagamos o preço. O sonho de título foi por água abaixo. Agora temos que vencer o Santos para conseguir ao menos uma vitória dentro de casa. Ainda não conseguimos vencer onde mais queríamos vencer (Maracanã). O torcedor está o direito de cobrar – disse Réver ao sair de campo ouvindo os protestos.
Com todo o elenco à disposição, o técnico Zé Ricardo levou a campo a escalação com a qual o Flamengo teve seus melhores momentos no campeonato. No primeiro tempo, o time repetiu qualidades que estavam sumidas nas últimas partidas: marcou por pressão a saída de bola do Coritiba, teve velocidade e razoável precisão nas tomadas de decisão no ataque, e conseguiu abrir vantagem com naturalidade.
Éverton foi nitidamente um destaque. Ausente, por lesão, da recente sequência rubro-negra de quatro jogos sem vitórias, ele voltou contra o América-MG, ainda sem ritmo de jogo, e ontem mostrou ser capaz de fazer o time produzir mais. É, entre os ?pontas? do elenco, o que mais gosta de se movimentar para a faixa central do campo e trocar passes, o que deixa o time menos previsível na frente e facilita o trabalho de Diego.
Com muita velocidade, Éverton também faz bem o papel de ponta, como ficou claro nos dois gols de ontem. Na blitz rubro-negra do início (o Coritiba levou quase oito minutos para chegar com a bola dominada, em troca de passes, no campo ofensivo), foi dele o cruzamento para o gol de Gabriel, numa conclusão que ele raramente acerta.
Até os 15 minutos, o Flamengo continuou em cima, com a marcação adiantada e empurrando o Coritiba, para sua área. Aos poucos, os visitantes foram se encontrado em campo. Muralha já havia feito uma defesa difícil quando o rubro-negro conseguiu concatenar um contra-ataque de manual aos 28 minutos: o lançamento de Jorge em profundidade para Éverton, e deste o cruzamento para Diego completar para o gol, 2 a 0.
Com folga no placar, o Flamengo diminuiu o ritmo até dormir numa cobrança de escanteio que permitiu a Amaral descontar para o Coritiba.
No intervalo, Gabriel reclamou de dores na coxa, e Zé Ricardo lançou Mancuello, que se juntou a Márcio Araújo e Willian Arão no meio-campo. A faixa da direita ocupada por Gabriel ficou vazia, e o Flamengo se perdeu em campo.
Os primeiros 30 minutos do segundo tempo foram de sofrimento para o Flamengo, que não conseguia mais encaixar a marcação. O Coritiba teve duas ou três boas chances para empatar, mas Muralha apareceu bem e, quando vencido, foi salvo pelo lateral Jorge.
O Flamengo também poderia ter ampliado (Réver cabeceou uma bola na trave e Guerrero teve duas boas chances), mas em nenhum momento retomou o controle do jogo. O Coritiba dominava, mas aos poucos foi perdendo o fôlego para seguir pressionando. Quando a vitória parecia vir, Kléber recebeu dentro da área, ganhou de Rafael Vaz e chutou para decretar o 2 a 2.