Ainda dando os primeiros passos no cenário nacional, o Princesa do Solimões é uma das forças do futebol do Norte do País. Com 45 anos de história, tem um título do Campeonato Amazonense (2013) e vem de três-campeonatos (2014, 2015 e 2016), e ocupa a 78ª posição no ranking da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Ganhou projeção maior a partir de 2014, quando enfrentou o Santos em duas partidas na terceira fase da Copa do Brasil, a última antes das oitavas de final. Três anos depois, pela mesma Copa do Brasil, o Tubarão de Manacapuru (AM) quer dar uma passo ainda maior na história e eliminar o Internacional logo na primeira fase da Copa do Brasil. As duas equipes se enfrentam nesta quarta-feira (15) no Estádio Olímpico, em Cascavel, e pelo novo regulamento da competição nacional não voltarão a se ver mais este ano.
Precisando vencer, o time amazonense, que vendeu o mando de jogo a uma empresa que, por sua vez, levou a partida para o Oeste paranaense, enfrentou 12 horas de viagem, contando o translado de ônibus de Foz do Iguaçu a Cascavel, e encontrou um clima muito frio na cidade da cobra. A temperatura durante a manhã, quando a equipe chegou, estava na casa dos 20º C, muito abaixo da mínima a que os jogadores do time alvirrubro estão acostumado.
Muitos fatores impactam para este jogo. O primeiro é a viagem, que foi muito longa. Chegamos de madrugada, cansados, fomos dormir às 2h30 e acordamos às 9h para tomar café. No nosso horário seria 7h. No almoço conseguimos combinar para que fosse servido às 14h30 do horário daqui. Ainda enfrentamos o frio durante a noite e pela manhã, pois a temperatura mínima em nossa casa é 28º C. Então tem o cansaço físico e a pouca hora de sono, o que influencia no desempenho dos jogadores, explicou o médico e vice-presidente do Princesa do Solimões, Marcelo Cabral.
As dificuldades, entretanto, servem de estímulo extra para a equipe mazonense, treinada pelo paranaense de Flórida Alberone, de 41 anos e ex-meia do Internacional por cinco temporadas (1995-1999). Temos um grande incentivo que é enfrentar Inter, um gigante do futebol brasileiro, e isso já serve como incentivo, queremos e vamos jogar para vencer. O jogo serve como vitrine para jogadores, todos almejam chegar a um time de primeira linha do futebol brasileiro. Outro incentivo é que somos criados acostumados a tirar leite de pedra. Todas as adversidades servem como alimento nossa mente e alma, comenta Cabral.
Recepção calorosa
Se o Internacional foi bem recebido pelos torcedores em Cascavel, a receptividade ao Princesa do Solimões também impressionou. Sem torcedores na cidade, entretanto, o apoio partiu principalmente de gremistas, explica o vice-presidente do Princesa do Solimões, Marcelo Cabral.
A cidade de Cascavel é referência no Amazonas, tem repercussão positiva, como toda a região Oeste do Paraná. Cascavel é conhecida por lá como uma cidade boa de morar, de ganhar dinheiro e de viver, com boas oportunidades. Seria nossa grande chance de marcar nosso nome nela. Já fomos a Santos em 2014 e a Chapecó enfrentar a Chapecoense em 2016. Conseguimos levar ambos os jogos, pela Copa do Brasil, para a partida de volta. Mas nunca pensei que poderia chegar a uma cidade e ser tão bem recebido. Daí viemos para cá [Cascavel] e fomos muito bem recebidos pela população e pela diretoria do Futebol Clube Cascavel. Estamos muito felizes em estar aqui. É uma boa oportunidade boa para o Princesa do Solimões ganhar projeção no futebol e nós crescermos como pessoas, diz o dirigente.
Cabral também se impressionou com a rivalidade da dupla Grenal em Cascavel.
Andamos pela cidade e vimos que teremos torcida em Cascavel. Apesar do Campeonato Paranaense ser muito bom, com Atlético, Coritiba, Paraná Clube, Londrina, J. Malucelli, Maringá e Cascavel, e fomo surpreendidos com a rivalidade aqui entre Inter e Grêmio. E por conta disso muitos encontramos muitos gremistas dizendo que vão torcer por nós, comemorou Marcelo Cabral, que diz que o novo regulamento da Copa do Brasil não ficou favorável aos times pequenos, de menor ranking na CBF.
O regulamento ciou certa dificuldade em relação aos anos anteriores, quando se conseguíssemos vencer primeiro jogo poderíamos jogar fechado no segundo. Agora não, o mandante precisa vencer, não pode jogar na retranca os 90 minutos porque o empate favorece ao visitante. Por outro lado, a competição ganha. Antes alguns dos gigantes do futebol brasileiro iam para o primeiro jogo com times alternativos ou até formado por juniores. A cidade não se empolgava para a partida. Agora o regulamento força os times grandes a vir com força máxima, avalia o dirigente.