CHAPECÓ (SC) – Com palmas e choro, cerca de 50 familiares de vítimas do acidente com a delegação da Chapecoense acompanharam a cerimônia em homenagem aos mortos no voo que iria para Medellín para a disputa da final da Copa Sul-Americana. Depois de quase duas horas no aeroporto Serafim Enoss Bertasso, em Chapecó, os corpos das vítimas foram para a Arena Condá onde acontece o velório coletivo.
Recebidos inicialmente com gritos de “Vamos, vamos Chape!”, os caixões com os corpos foram conduzidos por militares pelo gramado até o local onde acontecerão as homenagens aos jogadores.
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O presidente Michel Temer foi ao estádio para acompanhar a cerimônia. Na sexta-feira, auxiliares da Presidência da República haviam afirmado que Temer só participaria de uma cerimônia no aeroporto da cidade, o que irritou familiares das vítimas. O pai do zagueiro Filipe Machado chegou a dizer que a atitude do presidente era desrespeitosa.
Num breve pronunciamento à imprensa, o presidente afirmou que não avisou sobre sua visita ao estádio por motivos de segurança. Alguns de seus assessores, porém, chegaram a dizer no dia anterior que a hipótese da visita não foi cogitada.
– Não poderia dizer ontem porque se eu dissesse a segurança iria colocar pórticos em volta do estádio e revistar as pessoas que entram. Só comuniquei que vou lá agora, para facilitar a vida de todos – disse o presidente.
Temer não quis responder às perguntas dos jornalistas. Ele apenas lamentou o acidente aéreo:
– Foi um trágico acontecimento que abalou o país, abalou o mundo. Quando vejo esta chuva que está acontecendo aqui, acho que deve ser São Pedro chorando pela morte desses jogadores.
EMOÇÃO NA CERIMÔNIA
Os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) com os corpos das vítimas chegaram a Chapecó entre 9h28m e 9h44m deste sábado. Antes da chegada dos corpos, os familiares foram cumprimentados por Temer. Em uma cerimônia fechada, o presidente ofereceu suas condolências na forma de apertos de mão a cada um dos presentes. Cada família receberá uma medalha da Ordem do Mérito Desportivo.
Salva de tiros e marcha fúnebre na chegada dos corpos a Chapecó
Depois do encontro, os familiares foram até a lateral da pista de pouso. O grupo bateu palmas para homenagear seus entes queridos. Muitos choravam ao ver a aeronave e precisaram de apoio de outros parentes. Temer e outros políticos que foram ao aeroporto ficaram em uma ala separada, a poucos metros das famílias. Médicos e psicólogos voluntários oferecem assistência aos familiares das vítimas e a todo momento oferecem seu auxílio.
Cinquenta caixões viajaram nos aviões da FAB. Durante a cerimônia, um a um, os caixões eram carregados por seis militares em cima de um tapete vermelho, ao som da marcha fúnebre. Alguns deles se emocionaram enquanto conduziam os caixões.
Da lateral da pista, familiares conseguiam ler faixas com os nomes das vítimas. Todos foram aplaudidos. Com as mãos no rosto, uma mulher se emocionou ao reconhecer o nome de seu marido que passada.
– Vai com Deus, meu amor – gritou.
As homenagens à Chapecoense pelo mundo
EMOÇÃO NA ARENA CONDÁ
Desde a madrugada torcedores formavam filas para participarem da homenagem aos jogadores no estádio. Mesmo com a chuva que não dá trégua, as arquibancadas ficaram quase lotadas. Pelo telão dentro do estádio, torcedores acompanharam o translado dos corpos até a arena.
– A emoção já está grande agora, imagina quando vermos os corpos aqui perto de nós, diz a torcedora Ivone Souza.