Estados Unidos e Venezuela se encontram hoje, às 19h, na
Arena Carioca 1, num jogo que coloca frente a frente milionários e operários do
esporte ? incluindo John Cox, o primo venezuelano de Kobe Bryant. Enquanto uns
viajam com voos fretados, os outros reclamaram de um voo com quatro escalas que
fizeram para a Lituânia em julho. Dono de duas medalhas olímpicas de ouro, o
americano Gary Payton defende o isolamento dos astros da NBA, que não ficam na
Vila dos Atletas.
? Nós também não ficamos na Vila, não acho que vão sentir falta. Não é justo
com os outros atletas que se hospedam lá, mas esses caras ganham milhões de
dólares… Eles não vão sentir falta ? disse Payton, que será um dos convidados
da NBA House, na Zona Portuária (vizinha ao transatlântico de luxo dos
americanos), que receberá o público de 12 a 21 deste mês.
Em seu primeiro ouro, em Atlanta-1996, o armador
enfrentou o Brasil nas quartas de final e venceu por 127 a 93. Assim como Oscar
Schmidt, Payton também era visto frequentemente arremessando bolas de três
pontos. Hoje, ele vê um novo tempo em que são cada vez mais comuns os chutes de
longe. No último sábado, no Rio, os americanos arriscaram 27 vezes e acertaram
dez.
? Estou acostumado e defensas trancadas, botar a mão na
cara das pessoas, ir pra cima de um cara, dominá-lo, ir para a linha dos três e
arriscar o arremesso. Nós não dependíamos tanto das cestas de três como hoje em
dia. Mas eu preferia jogar no estilo a que me acostumei ? afirma o ex-jogador,
aproveitando para elogiar Oscar. ? Ele podia acertar de dois, três passos antes
da linha de três. Nós testemunhamos um grande cara jogando basquete.
EM DEFESA DE CARMELO ANTHONY
Após sua aposentadoria, Payton apostou também na carreira de comentarista. Ele não foge do assunto
quando o tema é Carmelo Anthony, líder do atual time olímpico, mas criticado por
não conseguir fazer os New York Knicks chegarem ao nível dos melhores da
NBA.
? As pessoas o subestimam porque ele nunca esteve em um
time campeão, e isso não faz sentido. Se ele tivesse que substituir Jordan,
Curry ou LeBron, você veria o que aconteceria. Ele teria vencido campeonatos
também ? acredita. ? Ele vai estar na História como um dos maiores.
Apesar das 17 temporadas na NBA, diversos
prêmios e um título no basquete profissional americano, Payton tem doces
memórias das suas medalhas de ouro em 1996 e 2000, em especial a primeira.
? Inclinar minha cabeça e receber a medalha de ouro em
volta do meu pescoço com a camisa dos Estados Unidos e soldados americanos nos
protegendo… Nós devemos nos orgulhar de ter isso, e eu me orgulho por ter
vencido pelo meu país ? diz Payton. ? Foi muito importante por ser o segundo
Dream Team (Time dos Sonhos, em português).
Mas existe mais de um Dream Team?
? Você bota os melhores jogadores da basquete dos Estados Unidos selecionados
dedo a dedo e sempre será realmente um sonho.