O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que vai discutir a retomada do horário de verão pensando também nos benefícios que o relógio adiantado pode trazer para a economia. Em entrevista ao programa “Em Ponto” da GloboNews, sexta-feira (17), o ministro disse que entidades patronais já apresentaram dados sobre o impulso econômico durante a estação.
“Eu vejo a discussão sem nenhum tabu. Eu defendo isso no governo, o horário de verão deve ser desatrelado da questão exclusivamente energética. Tenho me reunido com várias áreas da economia. Nesta semana me reuni com a Abrasel [Associação Brasileira de Bares e Restaurantes], que demonstra dados que, no período do horário de verão, época de efetivo calor na maior parte do Brasil, há impulso econômico a alguns setores”, disse.
A primeira vez que o horário de verão foi usado no Brasil foi em 1931, quando o então presidente Getúlio Vargas decretou a mudança nos relógios, como maneira de economizar em tempos de recessão global. Em 1967, o governo militar deixou de adotar a medida que foi retomada apenas em 1980, por problemas na produção de energia.
O modelo então durou por três décadas até que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não reeditou o horário de verão ainda no primeiro ano de mandato, em 2019. A retomada do horário foi avaliada pelo então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, quando no final de 2022 fez uma enquete nas redes sociais perguntando a opinião da população. Já em 2023, a equipe técnica do governo Lula analisou a situação e concluiu que não havia justificativa para reintroduzir o horário de verão, uma vez que não se esperava um impacto substancial na geração e no consumo de energia.
Por outro lado, Silveira disse que tem “defendido junto ao MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio), à Economia, que a gente possa olhar o horário de verão de uma forma mais holística, mais ampla. É importante para o Brasil, mesmo que nós tenhamos um momento de segurança energética como hoje, quando ela [a mudança nos relógios] impactar positivamente a economia”.
“Bares e restaurantes” pedem retorno
Ainda em setembro, a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) enviou carta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pedindo a volta do horário de verão no Brasil. Segundo a entidade, a medida gera impacto direto no faturamento dos bares e restaurantes, com crescimento entre 10% e 15%. “No momento em que o setor ainda se recupera dos prejuízos causados pela pandemia, a implementação da medida beneficiaria um setor que gera renda direta para mais de 7 milhões de brasileiros e tem cerca de 1,5 milhão de empreendimentos no país”, disse a Abrasel na carta ao ministro.
A Abrasel defendeu que a medida movimenta a economia, principalmente no comércio e no turismo, uma vez que os turistas tendem a aproveitar melhor os destinos, estendendo suas atividades até mais tarde. A entidade também enviou um ofício sobre o mesmo assunto ao presidente Lula e aos ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do Turismo, Celso Sabino.
À época, Alexandre Silveira, disse que não havia sinais de que a adoção do Horário de Verão fosse necessária. “O Horário de Verão só acontecerá se houver sinais e evidências de uma necessidade de segurança de suprimento do setor elétrico brasileiro. Por enquanto não há sinais nenhum nesse sentido. Estamos com os reservatórios no melhor momento dos últimos 10 anos”.
Foto: Arquivo/ABR