Curitiba – Faz pouco mais de dois anos que a Copel inaugurou a maior eletrovia com postos de recarga rápida para carros elétricos do País e o balanço desse período, analisam especialistas, é promissor. Além de ver um aumento significativo no número de abastecimentos, a Companhia vem investindo em pesquisas de mobilidade elétrica que prometem, num futuro próximo, refletir diretamente no consumidor de veículos elétricos.
A eletrovia paranaense foi inaugurada no fim de 2018, com a instalação de 12 postos de recarga ao longo de 730 quilômetros da rodovia BR-277, ligando o extremo leste ao extremo oeste do Estado. O projeto era pioneiro no Brasil, fruto de uma parceria entre a Copel e Itaipu Binacional. Resultado de um investimento de R$ 5,5 milhões, a Eletrovia promove desde então recargas gratuitas a qualquer usuário que queira abastecer seu veículo elétrico de maneira rápida em qualquer um dos eletropostos.
Como todo projeto de pesquisa e desenvolvimento, a proposta deste era avaliar os resultados para reunir academia e mercado em um objetivo: viabilizar a mobilidade elétrica. “E percebemos que, no que depende de nós, isso está sendo alcançado. Temos resultados muito interessantes”, avalia o superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel, Julio Omori.
No primeiro ano de operação (2019) os eletropostos da Copel somaram 330 recargas, totalizando um consumo de 2.914 kWh de energia. Em 2020, o número de abastecimentos quase dobrou: foram 600 recargas em toda a eletrovia. A maior parte delas concentrada na estação de Curitiba, localizada no polo da Copel da BR-277, no Mossunguê, com 230 abastecimentos em 2019 e 370 em 2020.
Já o consumo aumentou em cerca de 6,5 vezes em relação ao primeiro ano, totalizando 19 mil kWk. “Isso se deve ao fato de que o total de energia entregue individualmente cresceu, por conta da presença de veículos puramente elétricos com maior capacidade de bateria”, analisa o engenheiro eletricista da Copel Zeno Nadal, responsável pelo projeto da Eletrovia.
A média de recargas fica na faixa de 20 kWh, o que dá uma autonomia média ao veículo de 200 km, a um custo estimado de R$ 17 – lembrando que, por enquanto, as recargas não são cobradas do usuário, já que se trata de um projeto de pesquisa e desenvolvimento e os custos são subsidiados com recursos do projeto.
O Paraná conta hoje com 512 veículos elétricos, segundo o Detran-PR. Em 2019, esse número era de 362.
Futuro da demanda
Com mais carros elétricos circulando e um mercado que se mostra promissor, a Copel está se preparando para o futuro: “A grande preocupação é com o impacto que a inserção massiva de veículos elétricos possa causar nas redes de distribuição, assim como a necessidade extra de energia. Pesquisas indicam que a maioria das recargas dos veículos elétricos é feita nas residências, durante o período noturno. Isso também acontece com frotas de ônibus e caminhões urbanos [recarga nas garagens]. Essas recargas, sob determinadas condições, poderiam causar uma sobrecarga em alimentadores em períodos que são normalmente de baixa demanda”, afirma Julio Omori.