Guaíra – O anúncio feito nesta semana pelo governo do Paraná para um chamamento público para a realização de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para a construção de uma nova ferrovia, a ser lançado em setembro, ligando Dourados (MS) ao Porto de Paranaguá (PR), acendeu a luz de alerta de movimentos políticos e empresariais da região oeste do Estado. Isso porque “forças contrárias” estariam agindo para isolar os trilhos da Ferroeste (Cascavel a Guarapuava), ao desviar a nova ferrovia pela região norte do Paraná.
Tanto que uma comitiva de empresários da região seguiu para uma audiência restrita com o governador do Paraná, Beto Richa, e diretores da Ferroeste para tentar alinhar os planos em relação aos trilhos da Ferroeste.
Um dos problemas é o gargalo logístico entre Guarapuava ao Porto de Paranaguá, que faz com que as locomotivas reduzam a velocidade. A privatização prevê exatamente um novo traçado para substituir esse trecho.
A princípio a favor dos novos investimentos, o presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin Araújo, preferiu não polemizar sobre a existência desse movimento nortista para neutralizar o modal férreo da região oeste.
O presidente da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), Edson Vasconcelos, havia convidado Bresolin para tratar do assunto nesta quinta-feira na reunião da entidade. Contudo, o presidente da Ferroeste cancelou ontem a participação pois foi convocado pelo governador para uma reunião em Curitiba amanhã.
Estudos técnicos
Para Vasconcelos, um posicionamento mais sólido a respeito da privatização do sistema férreo paranaense só poderá ser dado a partir da apresentação dos estudos técnicos e econômicos solicitados pelo governo.
O primeiro passo do governo é abrir o edital para chamamento público. Posteriormente, a empresa ou um consórcio faz o estudo de viabilidade que, se aproveitado pelo governo, pode ter seus custos subsidiados.
Bresolin: “Não dá para continuar”
De acordo com João Vicente Bresolin, a Ferroeste está nas mãos da Rumo, empresa que incorporou a ALL (América Latina Logística), e a região depende dessa empresa para escoar a produção até o Porto de Paranaguá. “Não dá para continuar dessa forma”, declarou.
O modal ferroviário é responsável apenas por 20% de um total de 45 milhões de toneladas exportadas por ano pelo porto. “Essa realidade teria que ser inversa, com a maioria da produção sendo transportada pelos trilhos em vez de rodovias”.
A bandeira, segundo ele, é fazer com que a Ferroeste seja contemplada no novo plano estratégico férreo do Estado.
Ano passado, a Ferroeste transportou 800 mil toneladas de commodities, metade de Cascavel a Guarapuava e o restante de Ponta Grossa até Guarapuava. “Poderíamos transportar 20 vezes mais se a infraestrutura fosse mais eficiente”.
Para Bresolin, a iniciativa privada é o caminho para colocar a produção paranaense nos trilhos do desenvolvimento. “A região oeste tem que deixar claro a importância desse projeto, mas somente o estudo vai apontar a viabilidade da Ferroeste neste contexto”, antecipou.
João Vicente Bresolin está em Brasília discutindo esse assunto com autoridades do setor.