Oito horas antes do início da greve dos motoristas do transporte coletivo de Cascavel, a Cettrans (Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito) pediu mais prazo. O presidente Alsir Pelissaro repetiu pedido do prefeito Leonaldo Paranhos para que o Sindicato dos Motoristas segurasse o início da greve por mais 48 horas, até que o prefeito estivesse na cidade e pudesse ajudar no impasse. A solicitação foi feita no meio da tarde de ontem, que terminou depois das 18h, com representantes do sindicado e da Fundação Iguaçu.
O presidente do Sinttracovel (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano de Cascavel), Nelson Borba, assumiu o compromisso de levar o assunto para a diretoria decidir, em reunião agendada para as 22h. Ou seja, boa parte dos cascavelenses foi dormir sem saber se na manhã desta terça-feira teria ou não ônibus para ir trabalhar e estudar.
Isso porque, apesar de terem sido notificadas na última quarta-feira (6) da paralisação agendada para a 0h desta terça, Cettrans e ValeSim não tinham um “plano B” na noite de ontem. A notificação foi feita bem antes do prazo de 72 horas exigido por lei e informando que apenas 30% dos trabalhadores seriam mantidos, atendendo à legislação.
Durante a reunião na tarde de ontem, Pelissaro disse que não haviam ainda alertado as entidades patronais para que se organizassem com vans e caronas para compensar a paralisação. Pelo que tudo indica, tinham a certeza de que a greve não começaria conforme prometido.
Divididos
Pouco antes do início da reunião de diretoria, o presidente do Sinttracovel, Nelson Borba, disse que o grupo estava dividido. Isso porque uma parte entendia como bom senso atender o pedido do prefeito Leonaldo Paranhos, especialmente devido à importância do serviço prestado, e que “merecia um voto de confiança”.
Para outra parte, houve tempo suficiente para ajudarem na solução do problema, ignorado até então, e que o pedido de protelação seria apenas uma forma de fechar um mês do novo sistema sem problemas além dos já reclamados pelos passageiros. Isso porque a greve neste momento só agravaria as queixas de quem usa o sistema.
No fim, o sindicato estendeu o prazo e aguarda agora o que o prefeito Leonaldo Paranhos poderá colaborar com as negociações.
Inclusive, o prefeito atrasou a decisão sobre o reajuste da tarifa de 14% reivindicado pelas empresas, o que elevará a passagem de R$ 3,65 para R$ 4,15, devido às suas férias. Paranhos deve se manifestar a respeito ainda nesta semana. Essa decisão terá impactos diretos sobre a greve dos motoristas.
Propostas
A negociação salarial entre sindicato e as empresas que operam o transporte coletivo, Pioneira e Capital do Oeste, teve início há quatro meses. Os trabalhadores reduziram pela metade o índice reivindicado, mas disseram que não abririam mão de 5,7% e elevação do vale-alimentação para R$ 300. As empresas fecharam a negociação em 4% de correção sobre os salários e vale de R$ 250. Essa proposta foi rejeitada na semana passada por 80% dos trabalhadores.