“Brasil funciona mesmo em um período de crise”, diz embaixador
Porto Alegre – O embaixador Rodrigo Jaguaribe, que é também presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), afirmou na manhã de terça-feira (26), durante o 7º Enecob (Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros), em Porto Alegre (RS), que embora o Brasil enfrente uma de suas piores crises econômicas da história, o País ainda funciona.
Isso por conta especialmente da recuperação nas exportações no primeiro semestre de 2017. Conforme o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, de janeiro a junho deste ano a venda de produtos brasileiros a outros países somou US$ 19,7 bilhões, montante que é 18,7% superior ao mesmo período de 2016, quando o Brasil comercializou US$ 16,2 milhões.
“Temos três elementos que coincidem para ampliar essa questão e que sustentam os números. O primeiro deles é a expansão da produção agrícola, que registrou safras recordes neste ano, junto com a demanda adicional de commodities, especialmente o petróleo, além do câmbio que teve impacto definitivo. Outra situação é que a relativa recessão reduziu a demanda interna e facilitou a disponibilidade de massa exportadora”, explica Jaguaribe.
Ele ressalta que questões conjunturais e também estruturais que contribuem para este crescimento. Em relação às estruturas, Jaguaribe diz ainda que a capacidade de expansão do Brasil comparativamente a outros países é maior do que em qualquer lugar do mundo. “A FAU estima que em 15 anos o consumo de alimentos aumente 20%, o que instiga o Brasil a produzir 40% a mais do que produz hoje”, diz. Para isso, seria necessário utilizar áreas hoje não exploradas para o cultivo das principais culturas, como a soja, o milho, o trigo e o feijão. “Temos 65 milhões de hectares destinados a agricultura de grãos e outros 190 milhões de hectares em pasto subutilizado e degradado. Por que não transformá-los em área de cultivo, que é uma atividade simples e não exige tanto esforço para aumentar a produção?”, indaga.
ALÉM DAS COMMODITIES
Neste cenário, a competitividade comercial, que também engloba as ações da Apex-Brasil, precisa ser trabalhada para que além das commodities, o País exporte produtos com valores agregados. Além disso, é preciso identificar lá fora demandas específicas que podem ser atendidas aqui assim como bens de capital.
As questões logísticas, consideradas deficientes pelo embaixador, também necessitam de melhorias. “A logística brasileira é deficiente e precisa mudar”, diz. As elevadas cargas tributárias, que hoje travam e atrasam o desenvolvimento principalmente dos pequenos empresários, devem ser revistas para que, conforme Jaguaribe, o produtor brasileiro rural e industrial possa crescer, inclusive no comércio exterior.