Cotidiano

É proibido, mas no Irã se caçam pokémons

RIO – O governo do Irã bloqueou rapidamente o jogo Pokémon Go como bloqueia outras inovações da internet, mas, exatamente assim como outras inovações, os jovens do país já acharam jeitos de burlar os bloqueios e mergulharam no jogo.

Nos decorados jardins do Parque Mellat, na capital Terã, um adolescente anda completamente absorto no celular e para abruptamente na frente de uma família de uma homem, uma mulher e sua filha pequena, sentados num banco de praça. Ambas estão cobertas da cabeça aos pés com o tradicional chador preto.
A família para de falar e olha para o garoto, que parece apontar o telefone para eles. Em seguida volta a andar, sem falar nada ou andar para eles. Sua mente está completamente dedicada aos pokémons.

No Irã, as grandes redes sociais como Twitter e Facebook estão bloqueadas. Pokémon Go não é exceção: segundo as autoridades, é uma medida de segurança, porque o jogo é de uma empresa americana e registra a posição real dos usuários e tira fotos.

“Esse tipo de jogo pode ser convertido num meio de dirigir misseis guiados e inclusive atrapalhar ambulâncias e caminhões de bombeiros” em caso de guerra, disse à agência de notícias Tasnim o expert em segurança digital Alireza al Davoud.

Mas, assim como as redes, os jogadores estão burlando o bloqueio. Eles recorrem a sistemas VPN, que funcionam conectando o celular indiretamente: ao invés do aparelho se conectar ao aplicativo do jogo, sua conexão é feito pelo VPN, que então conecta com o jogo. Dessa forma, tudo que a censura detecta é a conexão com o VPN. Toda semana centenas de serviços do tipo são bloqueados, mas milhares novos são criados.

O maior problema para os jogadores é a falta de pokéstops, as lojas dos jogo, e ginásios, onde jogadores podem se enfrentar. Como o Irã é um país mais fechado digitalmente que o Brasil, por exemplo, tem menos pokéstops e ginásios. Os grandes engarrafamentos de Terã são outro problema para os treinadores de pokémons.

“Outro dia, num grupo de sete jogadores, ficamos presos mais de uma hora no trânsito para irmos em alguns ginásios”, conta rindo Hosein, um jovem de 26 anos.