SEUL ? A Corte Constitucional da Coreia do Sul vai decidir na manhã de sexta-feira, horário local, se dá continuidade ao processo de impeachment da presidente Park Geun-hye. Caso seja impichada, ela será a primeira chefe de governo a ser eleita democraticamente no país a não cumprir o mandato de cinco anos. Park, que está afastada do governo desde dezembro do ano passado, é acusada de corrupção e tráfico de influências.
O escândalo envolveu empresários de grandes empresas, como o herdeiro do grupo da Samsung, Lee Jae-yong, acusado de ter pago 40 milhões de dólares em subornos em troca de favores políticos. O caso, que perdura desde outubro de 2016, levou milhões às ruas das maiores cidades da Coreia do Sul em protestos contra a então presidente. A instabilidade política no país também levantou um debate interno se a nação estaria enfraquecida perante as ameaças da vizinha Coreia do Norte.
CASO PARK SAIA
Para a presidente ser oficialmente deposta do cargo é preciso que, pelo menos, seis dos oitos juízes da Corte Constitucional votem a favor da moção do impeachment. O pedido foi protocolado pelo Parlamento, em dezembro do ano passado, após ser acusada de extorsão, suborno, abuso de poder e vazamento de segredos de estado. A presidente se desculpou por ter confiado em sua amiga, Choi Soon-sil, apontada como sua cúmplice, mas negou ter agido de maneira ilegal.
Se a corte destituir Park, uma nova eleição presidencial será feita dentro de 60 dias ? até 9 de maio ?, de acordo com as leis eleitorais da Coreia do Sul. A decisão tira os poderes presidenciais e a imunidade de Park contra as acusações. Ela vai poder interrogada no processo criminal, algo que se recusou a fazer durante meses ? porém, agora com a possibilidade da emissão de um mandado de prisão contra ela, será difícil uma nova recusa acontecer.
No caso de novas eleições, as pesquisas de opinião apontam a vitória do político liberal e de oposição do governo, Moon Jae-in. Moon, que perdeu para Park nas votações de 2012, pode trazer mudanças significativas para o país depois de uma década do governo conservador da adversária. Em seus discursos, ele salienta a necessidade de um diálogo com a vizinha Coreia do Norte, que poderia ser um início dramático comparado a linha dura de Park. Moon também promete considerar os planos do Sul para implementar, neste ano, o sistema anti-míssil americano, o que a China afirma ser uma ameaça à segurança.
CASO PARK FIQUE
Caso a Corte restabeleça Park à Presidência da Coreia do Sul, seria uma grande vitória para os muitos conservadores que ficaram ao lado da presidente e se reuniram próximo ao tribunal nas últimas semanas. A decisão também fortaleceria a posição dos parlamentares que decidiram continuar no partido de Park, mesmo após muitos terem desertado para criar uma nova legenda, prevendo uma eleição presidencial antecipada.
Se a presidente continue no cargo, as investigações sobre o escândalo de corrupção podem ser enfraquecidas. No entanto, a credibilidade de Park já está comprometida, como afirma especialistas. A decisão da corte poder agravar, ainda mais, um cenário que não é o ideal, com as crescentes ameaças da Coreia do Norte, uma economia ruim que pode piorar com a disputa diplomática com a China e a população dividida sobre o futuro do país. Há também o receio de que, com a decisão, os protestos anti-Park, até então pacíficos, se tornem violentas ? como já avisado por alguns manifestantes.
Segundo os especialistas, entretanto, a reintegração à Presidência somente adiaria por alguns meses o que parece ser uma inevitável vitória dos liberais ao governo do país. O mandato de cinco anos termina em fevereiro de 2018. Se Park voltar ao escritório presidencial, as eleições serão feitas no dia 20 de dezembro, como já estavam previstas.