Cascavel tem potencial para economizar até R$ 12,8 milhões com a substituição de fontes tradicionais de energia pelo uso de biogás. A mudança representaria um aumento de 1,38% na eficiência energética do município, segundo pesquisa do Grupo de Pesquisa em Mobilidade e Matriz Energética da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. O estudo avaliou sete cidades do Oeste do Paraná, analisando o impacto da produção e uso do biogás em áreas urbanas.
A pesquisa utilizou o Método Termodinâmico para Análise de Cidades Contemporâneas, criado em 2012 pelo professor Ricardo Hartmann. “Hoje se fala muito em cidades inteligentes, mas faltava uma métrica concreta de eficiência energética para o meio urbano. O método oferece um parâmetro numérico facilmente comparável entre municípios”, explica Hartmann.
Além de avaliar a eficiência energética atual, o modelo permite simular cenários futuros e contribuir para o planejamento urbano, avaliação de políticas públicas e captação de recursos, inclusive em projetos ligados ao conceito ESG (Environmental, Social and Governance).
Foram considerados dados públicos de consumo de energia em oito setores (residencial, industrial, comercial, serviços, rural, poder público, iluminação e serviços públicos), além do uso de cinco combustíveis: etanol, gasolina, diesel, gás liquefeito de petróleo (GLP) e querosene de aviação. A partir desses dados, os pesquisadores calcularam os ganhos econômicos e energéticos com o uso de biogás gerado a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU).
Hub logístico
Cascavel se destacou como importante hub logístico regional, com alto consumo de óleo diesel, o que reforça o potencial de substituição por fontes renováveis. A cidade também tem capacidade de captar até 19 milhões de metros cúbicos de metano proveniente de resíduos orgânicos, o maior volume entre os municípios analisados. “Cascavel tem muita movimentação de carga, distribuição e abastecimento. A adoção do biogás, além da economia direta, poderia reforçar ainda mais sua vocação sustentável e logística”, destaca Hartmann.
Eficiência energética no Oeste
O estudo realizado no Oeste do Paraná propõe a substituição de combustíveis fósseis por biogás como estratégia para melhorar a eficiência energética das cidades e gerar economia. “A cidade deixa de consumir petróleo e passa a usar metano, que pode ser aplicado no transporte coletivo, restaurantes ou aquecimento de água”, exemplifica Hartmann.
A análise detalhou o consumo energético em setores estratégicos e calculou a eficiência de cada cidade. Em seguida, os pesquisadores estimaram os ganhos com a substituição parcial de combustíveis por biogás produzido a partir de resíduos urbanos. “Com isso, foi possível quantificar a economia potencial e oferecer uma ferramenta útil para o planejamento urbano e a melhoria ambiental”, explica.
Foz do Iguaçu
Em Cascavel, a economia estimada é de R$ 12,8 milhões com o uso do biogás. Já em Foz do Iguaçu, embora a economia seja menor, o impacto na eficiência energética seria mais significativo, segundo o estudo. “Foz é uma cidade muito quente, e o uso excessivo de ar-condicionado gera grande desperdício de energia que não pode ser recuperada”, afirma Hartmann. Isso reforça a importância de investimentos em edificações sustentáveis e soluções urbanas mais eficientes.
Um exemplo citado pelo pesquisador é o projeto Ombo’éva: Green Smart Building, que será construído na universidade com o conceito Nearly Zero Energy Building (NZEB), baseado na alta eficiência energética e no uso de fontes renováveis. A iniciativa deve servir de modelo para futuras edificações públicas e privadas.