2024/25

Clima adverso coloca em risco a projeção recorde da safra de grãos

Colheita de soja. Fotos:Jaelson Lucas / Arquivo AEN
Colheita de soja. Fotos:Jaelson Lucas / Arquivo AEN

Cascavel – E o ano de 2025 começa a todo vapor no campo. Máquinas não cessam  os trabalhos no campo para dar respaldo às estimativas de safra recorde de grãos na safra 2024/25. As consultorias privadas e o governo projetam uma produção superior de 166 milhões de toneladas. Conforme recente projeção da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento, o crescimento na produção será de 12% da oferta de soja em relação à temporada anterior, ou seja, algo em torno de 18 milhões de toneladas a mais.

Consultorias privadas atualizaram os números da nova safra neste mês de janeiro. Todas tem um discurso em comum: se o clima ajudar, a safra será recorde. A que projeta a menor oferta do grão é a Pátria Agronegócio, estimando a produção em 168 milhões de toneladas. Mesmo assim, ainda é superior à estimativa da Conab.

Por sua vez, a Safras & Mercado é a que projeta um volume maior de produção, estimada em 173,7 milhões de toneladas. Por intermédio de um comunicado, a consultoria justifica a visão positiva, tomando como base as produtividades observadas nos polos produtores, especialmente no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, podendo levar à redução da produtividade nessas regiões, como resultado de uma revisão para baixo nesses locais.

Apesar dos ajustes no contexto geral, os apontamentos feitos pelas consultorias são para uma ampla oferta de soja nessa temporada. Em contrapartida, a Pátria Agronegócios chama aatenção para o peso dos problemas climáticos em curso, nas áreas do centro-sul, reduzindo a previsão de oferta de soja em mais de 2 milhões de toneladas de dezembro até agora. Foram observados efeitos nocivos no padrão adverso de chuva, falta de umidade e calor excessivo, no Mato Grosso do Sul, oeste de São Paulo e noroeste do Paraná. Nesses locais, houve redução da produtividade esperada.

A safra recorde tão aguardada, reforça o Brasil como potência agrícola global. Apesar dos desafios climáticos em algumas regiões, o cenário ainda é de otimismo. Esse avanço da colheita torna-se decisivo para confirmar os números e abrir novas discussões em torno das exportações, logísticas e mercado.

Em entrevista ao O Paraná, o Engenheiro Agrônomo Airton Cittolin, comenta que até agora, já foram colhidas entre 5% e 10% da área plantada com soja em Cascavel. “A chuva dos últimos dias favoreceu e muitos produtores estão colhendo a soja e já aproveitando para plantar o milho segunda safra no mesmo dia”. Conforme a meteorologia, há previsão de mais chuva no fim de semana. “Tem muito grão de soja que ainda não está totalmente formado e depende de umidade para se desenvolver”, destaca o Engenheiro Agrônomo Airton Cittolin.

1,3 milhão de hectares impactados

Com base nas informações levantadas pelo Projeto SIGA-MS, executado pela Aprosoja/MS, na segunda semana de janeiro de 2025, todas as regiões daquele  estado estão em pleno desenvolvimento fenológico vegetativo e reprodutivo. Nas regiões norte, nordeste, oeste e sudeste as condições das lavouras de soja são majoritariamente boas, variando de 74,7% a 93,5%. As condições regulares nestas regiões variam entre 6,1% e 17,8%, e as condições ruins são de até 7,5%.  Por outro lado, as regiões sudoeste, centro, sul-fronteira e sul apresentam condições abaixo do potencial das demais regiões. Nestas áreas, pode-se encontrar lavouras com até 25,6% em condições ruins. As condições regulares variam entre 14,6% e 34,6%, e as boas condições estão entre 39,8% e 69,3%.

Ainda de acordo com a equipe técnica da Aprosoja/MS, a cultura de soja de Mato Grosso do Sul passa em um período decisivo. Com base na avaliação semanal, cerca de 1,3 milhão de hectares estão afetados pelo estresse hídrico, representando 29% da área total. A baixa precipitação impactou principalmente os municípios da região sul do estado, com cerca de 24 municípios abaixo da produtividade média estadual estimada.

Conforme o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta, a região sul do Mato Grosso do Sul está há 30 dias com seca moderada, com poucas chuvas variando entre 1,4 mm e 66,6 mm, e 10 dias de seca severa, sem precipitações. “As lavouras mais atingidas são aquelas implantadas entre setembro e meados de outubro. Em dezembro, essas lavouras iniciaram o período de enchimento de grãos e, agora, em janeiro, estão no período de maturação e colheita”, aponta. Na data do dia 10 de janeiro, aproximadamente 32% das lavouras estavam nos estádios fenológicos mais críticos, divididas em 16% em enchimento de grãos, 14% com grãos cheios e 2% no início da maturação, com grande parte na região sul, que costuma plantar antecipadamente.

Fonte: Redação e Aprosoja/MS