Pedalada fiscal em Cascavel
A liberação de R$ 600 mil para o Programa Integrado de Segurança Comunitária gerou divergências na sessão de ontem na Câmara. Tal medida seria para pagar horas extras na Guarda Municipal, por meio de diárias, burlando o limite prudencial previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. A acusação partiu do vereador Fernando Hallberg, que alega existir um “cabide de cargos comissionados”. O advogado Rafael Brugnerotto também defendeu que a medida é irregular: “É uma gambiarra jurídica, uma pedalada fiscal. Isso pode dar problema ao prefeito. Sou contra para evitar problemas à administração”, argumentou. Pedido de adiamento recebeu 13 votos contrários e sete favoráveis, e o projeto foi mantido.
“Não-me-toque”
Na continuidade da discussão, Pedro Sampaio disse que a atual gestão é “não-me-toque” – ninguém pode falar nada. E também deu uma receita em relação aos gastos: “Cortem os comissionados pela metade. Eu não tenho cargo lá”, disse. Na presidência da Comissão de Finanças há dez dias, Roberto Parra também se posicionou contra a manobra: “Entrego chapéu se tiver que fazer as coisas erradas. Não vai ser por telefonema, pressão do Executivo que vou aceitar”.
Boca solta
O vereador Jorge Bocasanta, sempre polêmico, soltou seu verbo: “Deve ter uns 900 vagabundos que querem mamar na teta. ‘Nego’ que não quer trabalhar, é rua. O prefeito se acovardou. Professor que não quer dar aula, é rua. Guarda que não quer prender, rua. Médico também”. Já o vereador Rômulo Quintino defendeu dizendo que existe uma tentativa de “barrar os projetos do Executivo”. No fim, a liberação de verba para as diárias recebeu 11 votos favoráveis e nove contrários – quem votou a favor também foi Brugnerotto, embora tenha argumentado contra o projeto.
Jogo duro e sem trégua
“O jogo é duro!”, disse Leonaldo Paranhos ontem na inauguração da sede do IPMC, ao enfatizar que vem sofrendo pressões de grupos que se sentem prejudicados com medidas administrativas. O prefeito não poupou palavras para repudiar opositores políticos que vêm usando as redes sociais para difamá-lo. “Começa o processo eleitoral. Um fica bravo por perder eleição e debita sua derrota ao prefeito. Outros com interesse em assumir o cargo antecipam as eleições”, declarou o prefeito, que disse acompanhar de madrugada os 76 grupos políticos que participa no WhatsApp.
Atores políticos
Paranhos declarou ainda que o “jogo sujo” da política cascavelense começou com força total. Contou que conversou com uma pessoa que teria recebido dinheiro de adversários para encenar na UPA. “Tem gente mandando pessoas na UPA para fazer escândalo – contratando gente para ir à UPA cair e chamar a imprensa para fazer um escândalo”, acusou.