Rio de Janeiro – A lentidão na recuperação da atividade econômica e suas consequências sobre a geração de empregos têm provocado um rearranjo no mercado de trabalho. Profissionais sem ocupação têm buscado alternativas para obter renda e a entrega de mercadorias é o caminho encontrado por cerca de 5,5 milhões de brasileiros para garantir o orçamento no fim do mês. O número foi revelado por pesquisa realizada pela Locomotiva Instituto de Pesquisa.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o contingente de profissionais autônomos no Brasil chegou a 23,779 milhões na média do trimestre encerrado em fevereiro, conforme a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Desta maneira, os 5,5 milhões de entregadores correspondem a 23,13% do total de pessoas que trabalham por conta própria no País.
Com o crescente uso de aplicativos pelos consumidores, os entregadores fazem a ponte entre as lojas, no mundo virtual, e o cliente, no mundo real. Essa característica ajudou a batizar o segmento de “online to offline”. Os produtos entregues vão de simples refeições até roupas.
“A economia compartilhada está gerando uma transformação no País. Os entregadores estão gerando uma renda maior, tendo acesso a bens e serviços que nunca tiveram. Os entregadores são protagonistas dessa mudança de hábito que o Brasil está passando por meio das empresas da nova economia”, conta o diretor de engajamento da Associação Brasileira de Online to Offline (ABO2O), Marcos Carvalho.
A pesquisa constatou que 90% dos entregadores utilizam apenas plataformas digitais para fazer entregas, enquanto 88% deles são os responsáveis pela principal renda do domicílio. Uma parcela de 90% também afirma que não pretende mudar de atividade ou ramo no curto prazo. Os número foram revelados por pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Administração (Fipe) e pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe), divulgada pelo Estadão/Broadcast.
Ainda em relação à renda, 87% avalia que ganha mais fazendo uso dos aplicativos para fazer as entregas. O trabalho autônomo é preferido por 70% dos profissionais, com 96% apontando a flexibilidade nos horários como um dos principais aspectos positivos da ocupação. Já outros 91,5% avaliam ter mais liberdade para compor a renda familiar.
Perfil
A ampla maioria, 97,4% dos entregadores é do sexo masculino, constatou a pesquisa, com idade média de 29 anos. Já em relação à escolaridade, 74,3% têm ensino médio completo, enquanto 11,7% têm formação superior ou pós-graduação.