Brasília – A rentabilidade dos bancos brasileiros terminou 2018 no maior patamar em sete anos, de acordo com informações divulgadas nessa quinta-feira (11) pelo Banco Central.
O chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 14,8% em dezembro do ano passado. Ao fim de 2011, estava em 16,5%. “Sistema brasileiro não é o mais rentável nem o menos rentável [do mundo]. Está na média. Está bem próximo dos países emergentes”, afirmou o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Souza.
De acordo com o BC, o sistema bancário manteve a trajetória de aumento da rentabilidade no segundo semestre de 2018, alcançando níveis pré-crise. “Nos últimos dois anos, os bancos públicos apresentaram um ritmo mais rápido na evolução dos resultados, atingindo níveis de rentabilidade mais próximos aos dos bancos privados”, cita o relatório.
De acordo com o BC, o aumento da rentabilidade aconteceu, em 2018, apesar da “redução dos resultados de tesouraria [com títulos públicos], e da estagnação das carteiras de crédito corporativas [empréstimos para empresas]”.
Acrescentou que essa alta da rentabilidade pode ser explicada, principalmente, pela redução das despesas de provisão (recursos que têm de ser apartados por conta de inadimplência) e dos custos de captação (queda da taxa Selic), e, também, pelos ganhos de eficiência operacional.
O Banco Central avaliou, entretanto, que há “perspectiva de estabilização das despesas de provisão e do custo de captação” e, por isso, “a trajetória de aumento da rentabilidade tende a perder força”.
Lucro do sistema
Conforme o relatório do BC, o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões ano passado e, com isso, bateu recorde da série histórica, que começa em 1994. “Em termos nominais, é o maior lucro com certeza”, afirmou o diretor de Fiscalização da instituição, Paulo Souza. Segundo ele, o patrimônio do sistema financeiro está na faixa de R$ 800 bilhões.
O diretor explicou que o aumento do lucro líquido dos bancos, ano passado, está relacionado com o crescimento da carteira de crédito e, principalmente, “com melhora na redução das despesas de provisão, redução na margem com juros na carteira como um todo”. “O principal fator é de uma redução de R$ 20 bilhões em despesas com provisão”, concluiu. No ano passado, o lucro dos maiores bancos do País cresceu. É o caso do Bradesco, do Itaú, do Santander e do Banco do Brasil.
Juros bancários
O aumento da rentabilidade dos bancos brasileiros acontece em um cenário de juros bancários elevados, mesmo com a Selic ter passado o ano no menor patamar da história (6,5% ao ano).
Em algumas linhas de crédito, os juros são próximos de 300% ao ano. A redução dos juros bancários é considerada um dos desafios da nova equipe econômica.
Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários do País detinham, no fim de 2017, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no País. Essas informações sobre concentração bancária ainda não foram atualizadas para o ano de 2018.