Policial

Superlotação: Presos fazem vídeo para denunciar caos

Ontem, uma parte do espaço em reforma foi liberada, mas a situação está longe de estar boa

Superlotação: Presos fazem vídeo para denunciar caos

São Miguel do Iguaçu – Detentos da carceragem da Delegacia da Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu gravaram na noite de domingo (31) um vídeo dentro no qual pedem ajuda de Direitos Humanos, Ministério Público e Sistema Judiciário. Eles denunciam as más condições em que estão alojados.

Nas imagens é possível ver a quantidade de detentos em um espaço reduzido. O vídeo foi enviado ao portal GuiaMedianeira.

O delegado Walcely de Almeida, responsável pela delegacia, confirmou que a gravação foi feita na carceragem e ratificou as reivindicações: “O que eles pedem no vídeo é real. A situação é caótica, nós temos capacidade para 16 presos e temos em média 60 detentos, o que dá mais de quatro vezes a nossa capacidade”, afirma Walcely.

Tentativa de fuga

O delegado diz que nos últimos dias a situação ficou ainda pior. Isso porque parte do espaço foi quebrada por presos em uma tentativa de fuga na semana passada. “A superlotação já era um problema e nessa tentativa de fuga destruíram parte da carceragem… eles derrubaram uma parede para fugir. Nós tivemos que colocar todos em um espaço menor ainda para poder consertar o local. Aí virou o que se vê nas imagens”, lamenta o delegado.

As visitas estão suspensas desde a tentativa de fuga e não há previsão para que sejam retomadas.

Ontem, uma parte do espaço em reforma foi liberada, mas a situação está longe de estar boa.

Perigo urbano

O delegado está há duas semanas em São Miguel do Iguaçu e afirma que não há como manter o local da maneira como está e que já solicitou diversas transferências de detentos para penitenciárias. Por enquanto, apenas três mulheres foram levadas para Foz do Iguaçu. “Não há como manter o local como está. Não há agentes penitenciários para trabalhar na carceragem. Sem contar a falta de segurança a que a população de São Miguel está exposta. A cadeia fica no Centro da cidade e, com a superlotação, as tentativas de fuga são um risco constante, então nós trabalhamos aqui em conjunto com o Judiciário e o Depen [Departamento Penitenciário] para tentar resolver essa situação pelo menos momentaneamente. Mas a solução real seria demolir essa cadeia e levar os presos ao sistema penitenciário, onde a estrutura é melhor para abrigá-los”, afirma Walcely.

Posse de celular

Com relação ao celular usado para gravar o vídeo, o delegado diz ser outro problema: “Nós já identificamos o aparelho e o recolhemos. Mas, por estar em uma área urbana e os muros da cadeia não serem altos, é muito comum o arremesso de aparelhos para dentro da carceragem”, argumenta.

Possíveis soluções

 A Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná informou que está ciente do problema histórico de superlotação nas carceragens das delegacias do Estado e que semanalmente o Cotransp (Comitê de Transferência de Presos) – que conta com representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público – autoriza a transferência de presos de delegacias para o sistema prisional. No entanto, as vagas só são abertas com a saída de outros presos e, para isso, é preciso autorização do Poder Judiciário.

A solução para o caso de superlotação são as obras de construção e ampliação de unidades prisionais do Estado, que já estão em andamento, e que preveem a abertura de 6 mil vagas, tornando possível a remoção dos presos que estão custodiados em delegacias da Polícia Civil. Outras 684 novas vagas foram geradas com a instalação de celas modulares, equipadas com camas e banheiro. Outra alternativa é a adoção das tornozeleiras eletrônicas para aqueles que cometeram crimes de menor potencial ofensivo. Hoje, cerca de 7 mil presos são monitorados.