Cotidiano

Estrelado por Fausto Fawcett, ?Vampiro 40º? une terror e arquétipos cariocas

Dafne_1.jpgRIO – ?Ser sombrio em São Paulo ou Manchester é mole. Quero ver é ser sombrio no Rio de Janeiro, com temperatura de 40 graus durante a noite. Aí é dureza, tem que ser um (Ingmar) Bergman de chinelos?. A frase do multifacetado Fausto Fawcett sintetiza bem o clima do seu novo projeto, o filme ?Vampiro 40°?, que foi todo gravado dentro de um estúdio em Botafogo e estreia hoje nos cinemas. Escrito e estrelado por ele, o longa segue um estilo pouco explorado no cinema nacional: o terror gore, marcado pelo excesso de erotismo, humor negro, sangue e violência.

? É um filme que fala sobre o universo dos vampiros e também sobre a clandestinidade, que é quase uma tradição carioca. Tem a dança das cadeiras no submundo, algo que na vida real já ganhou um ritmo industrial. A gente não tem mais nem tempo de curtir o apelido de um bandido, criar aquela mística e ler reportagens sobre ele. De uma semana para outra, já tem outro no lugar ? observa Fawcett.

Na trama, ele interpreta o vampiro Vlak, que retorna ao Rio de Janeiro depois de um intercâmbio na Transilvânia disposto a se tornar o rei do tráfico de pó de vampiro ? substância que confere temporariamente ao usuário os poderes da criatura. Ao mesmo tempo, o personagem arranca da própria gengiva o canino chip, um dispositivo de controle implantado pela multinacional Limbo Corporation para seguir seus passos e comandá-lo.

? Esse ato faz com que ele perca a memória. Para recuperá-la e combater os interesses obscuros da Limbo, Vlak se une à chinesa Wang Su e à sexy vampira Michelle, uma espécie de ex-BBB do submundo. Além disso, ele precisa lidar com o seu antigo rival, Draco Méier, ?o vampiro suburbano? (interpretado por Otto Jr.) que está de volta ao pedaço ? conta o ator.

Uma das figuras centrais da história é uma humana que se alia aos vampiros: a psicopata Dafne, ?a decepadora?, interpretada pela atriz Linn Jardim.

? Alguns dos grandes diálogos do filme são entre a Dafne e o Vlak. Ela é uma psicopata que não tem os seus objetivos corrompidos pelo sentimentos. Já ele, um vampiro imortal. A partir disso, um ajuda o outro por interesse ? destaca Fawcett.

O filme é uma adaptação da série ?Vampiro carioca?, do Canal Brasil, baseada no livro da escritora Lucia Chataignier, com roteiro de Fawcett e Henrique Tavares. A direção, tanto da série quanto do filme, é assinada por Marcelo Santiago, que pela primeira vez enfrentou o desafio de gravar um longa todo em estúdio.

? Por um lado, é muito cômodo gravar tudo no mesmo lugar. Isso permitiu, por exemplo, que todo o processo fosse concluído em praticamente duas semanas. Por outro, enfrentamos alguns problemas com a própria mise-en-scène do filme, já que as perspectivas ficam limitadas ? explica Santiago.

Ao contrário do tradicional chroma key ? processo em que as cenas são todas filmadas com um fundo verde e o cenário é incluindo de forma digital ?, o diretor optou por trabalhar com projeções.

? A não ser que você disponha de uma estrutura hollywoodiana de pós-produção, o fundo verde sempre cria uma relação artificial. Já tínhamos usado o recurso na série e era algo que não queríamos repetir ? conta Santiago, ressaltando que a projeção é uma técnica usada há muito tempo no cinema, por nomes como Hitchcock.

O filme segue uma estética minimalista, com poucos objetos em cena, algo que remete ao Noh, vertente do teatro japonês. A inspiração foi trazida pelo diretor de arte, o japonês Nobuyuki Ogata.

? Qualquer objeto utilizado é simbólico e funcional, ou seja, fundamental na cena. Isso criou uma experiência estética sem igual no cinema brasileiro. O Nobu tem um grande mérito nisso ? explica Santiago.

Mesmo antes da estreia, ?Vampiro 40°? já tem o mérito de ter sido selecionado para o Fantasporto ? um dos principais festivais do mundo no gênero fantasia e terror ?, na cidade do Porto, em Portugal, onde foi exibido em março.

O projeto tem produção da LC Barreto, empresa do cineasta Luiz Carlos Barreto. Ele espera que o filme se torne uma franquia de sucesso.

? Fora o Zé do Caixão, o cinema brasileiro nunca abriu muito espaço para o gênero do terror. Essa é uma lacuna no mercado, e o segmento atrai muito os jovens. Creio que ainda vamos fazer vários outros filmes com o personagem Vlak ? vaticina Barreto.

DAS TELINHAS PARA A TELONA

O filme é uma adaptação da série ?Vampiro carioca?, do Canal Brasil, baseada no livro da escritora Lucia Chataignier, com roteiro de Fawcett e Henrique Tavares. A direção, tanto da série quanto do filme, é assinada por Marcelo Santiago, que pela primeira vez enfrentou o desafio de gravar um longa todo em estúdio.

? Por um lado, é muito cômodo gravar tudo no mesmo lugar. Isso permitiu, por exemplo, que todo o processo fosse concluído em praticamente duas semanas. Por outro, enfrentamos alguns problemas com a própria mise-en-scène do filme, já que as perspectivas ficam limitadas ? explica.

Ao contrário do tradicional ?chroma key? ? processo em que as cenas são todas filmadas com um fundo verde e o cenário é incluindo de forma digital ?, o diretor optou por trabalhar com projeções.

Vlak_3.jpg? A não ser que você disponha de uma estrutura hollywoodiana de pós-produção, o fundo verde sempre cria uma relação artificial. Já tínhamos usado o recurso na série e era algo que não queríamos repetir ? conta Sampaio, ressaltando que a projeção é uma técnica usada há muito tempo no cinema, por nomes como Hitchcock, por exemplo.

O filme segue uma estética minimalista, com poucos objetos em cena, algo que remete ao Noh, vertente do teatro japonês. A inspiração foi trazida pelo diretor de arte, o japonês Nobuyuki Ogata.

? Qualquer objeto utilizado é simbólico e funcional, ou seja, fundamental na cena. Isso criou uma experiência estética sem igual no cinema brasileiro. O Nobu tem um grande mérito nisso ? explica Santiago.

Mesmo antes da estreia, ?Vampiro 40°? já tem o mérito de ter sido selecionado para o Fantasporto ? um dos principais festivais do mundo no gênero fantasia e terror ?, na cidade do Porto, em Portugal, onde foi exibido em março.

O projeto tem produção da LC Barreto, empresa do cineasta Luiz Carlos Barreto. Ele espera que o filme se torne uma franquia de sucesso.

? Fora o Zé do Caixão, o cinema brasileiro nunca abriu muito espaço para o gênero do terror. Essa é uma lacuna no mercado, e o segmento atrai muito os jovens. Creio que ainda vamos fazer vários outros filmes com o personagem Vlak ? vaticina Barreto.

A NOVA MUSA DOS CABELOS PLATINADOS

Uma das estrelas do filme ?Vampiro 40°?, a carioca Renata Davies é uma artista completa. Ela tem um currículo vasto em áreas que vão muito além das artes dramáticas e se define como atriz, cantora e locutora por vocação, e publicitária por sobrevivência. Uma trajetória que começou aos 15 anos, quando assumiu os vocais da banda ?Embromation Society?, que fez sucesso com uma pegada de humor e canções estrangeiras interpretadas com letras embromadas. Foram 11 anos de estrada com apresentações por todo o Brasil e participações em diversos programas de TV.

? Fizemos muito sucesso no circuito do humor carioca e passei a conhecer pessoas do meio artístico que me convidaram para trabalhos na televisão, algo que relutei por muito tempo por achar que não era a minha praia ? conta.

Em 1994, Renata recebeu um convite do diretor Jorge Fernando para substituir uma das atrizes do espetáculo musical ?Rocky horror show?, uma produção de grande porte.

201605251901073667.jpgNo intervalo de uma das apresentações, ela foi a um bar tomar conhaque e esbarrou com Fausto Fawcett, de quem se tornou parceira profissional.

? Ele também estava tomando conhaque e me viu chegando. Então, virou-se para mim e disse: Nós vamos trabalhar, né? Num primeiro momento, não entendi direito o que ele queria e achei até que estava me ofendendo ? conta Renata, aos risos.

A atração de Fawcett por mulheres de cabelos loiros vem de longa data. É dele a canção ?Kátia Flávia, a godiva do Irajá?, que fala sobre ?Uma louraça belzebu, provocante?. Já nos anos 1990, no seu espetáculo ?Santa Clara poltergeist?, sobre uma santa com o poder da cura pelo sexo, ele revelou a atriz Regininha Poltergeist, com quem agora, inevitavelmente, Renata é comparada.

Ela diz que não se incomoda com a analogia, mas garante que os papéis são completamente diferentes. Na série e no filme, ela interpreta a desumbrada vampira Michelle, que quer ser uma celebridade do submundo. Além de cenas sensuais, a atriz precisou encarar desafios como ficar pendurada numa árvore por cerca de três horas para a gravação de uma cena em que a personagem é torturada.

? Foram duas semanas gravando por mais de dez horas por dia. Tive que decorar textos quilométricos do Fausto ? afirma.

Antes da série, Renata trabalhou com Fawcett em 2006 na peça ?Cidade vampira?, baseada no caso de Suzane Von Richthofen, condenada por tramar a morte dos pais.

Além disso, a atriz trabalhou por três anos como locutora numa rádio em Niterói voltada para o público roqueiro. Muitos ainda a conhecem como ?Renata locutora?, por conta dessa época.

? Foi um período maravilhoso. Até que um dia eu cheguei na rádio, onde só tocava bandas como Led Zeppelin e Black Sabbath, e havia um grupo de pagode se apresentando. Ou seja, eles resolveram mudar o perfil completamente. Decidi que não queria continuar ? relembra.

Sem saber o que fazer para pagar as contas, ela resolveu criar um blog sobre cuidados com a pele e dicas de maquiagem, algo que aprendeu a fazer bem por conta do teatro.

? Fiz os primeiros vídeos de maneira meio despretensiosa. Como as pessoas foram gostando, fui continuando, continuando e não parei mais.

Atualmente, o blog tem cerca de 30 mil acessos por dia e 50 mil fãs no Facebook. A atriz, que no Twitter tem cerca de 100 mil seguidores, passou também a ser convidada frequentemente para falar e mostrar tutoriais sobre o tema em programas de televisão, como o ?É de casa?, que passa aos sábados na TV Globo, e sites, como o GShow.