Curitiba – A incerteza no cenário econômico é uma das principais causas da redução, de 15%, na área de plantio do trigo no Paraná. Neste momento, com 64% da área já semeada, as estimativas de redução se confirmam, segundo avaliação de Hugo Godinho, do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
A safra de inverno é tradicionalmente um investimento de maior risco e, com um ambiente econômico desfavorável e possibilidade de desvalorização do dólar, muitos produtores deixaram de optar pelo trigo, analisa Godinho.
Outro fator determinante, especificamente na região Norte do Estado, foi a competição entre as duas principais culturas de inverno. O preço milho está mais atraente nesta safra, e os produtores da região Norte optaram por ele, reduzindo a área de trigo, explica Godinho.
O preço da saca de 60kg de trigo está cotada em R$ 42,00, valor 18% mais alto que a safra passada, quando se pagava R$ 35,20 a saca. Para o milho a cotação atual é de R$ 40,00 a saca de 60kg, quase o dobro de preço com relação a 2015, que era e R$19,41.
DESENVOLVIMENTO
O plantio do trigo começou pela região Norte do Estado, depois Oeste e, agora, deve ser concluído na região Sul. De maneira geral as lavouras apresentam bom desenvolvimento. As chuvas de maio foram boas para a semeadura, e a expectativa é que a etapa final do plantio transcorra sem problemas, com a esperada queda da temperatura.
Até meados de julho, o plantio de 1,15 milhão de hectares deve estar concluído. A expectativa é colher 3,47 milhões de toneladas. A safra de grãos no inverno no Paraná ocupa cerca de quatro milhões de hectares, sendo 56% com cultivo de milho, 29% com trigo e o restante dividido entre outras culturas.
PRODUÇÃO E CONSUMO
Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o consumo de trigo no Brasil vem diminuindo nos últimos anos. Em 2013, o consumo foi de 11,3 milhões de toneladas e no ano passado caiu para 10,2 milhões de toneladas.
De acordo com Godinho, esta redução se deve aos preços. A insuficiência na produção brasileira para atender o consumo faz com que fiquemos dependentes das cotações internacionais e do câmbio e isto nem sempre é favorável.
O Brasil deve produzir este ano 5,8 milhões de toneladas de trigo, praticamente metade do nosso consumo. O Paraná é o maior produtor de trigo do País e sua produção abastece basicamente a indústria moageira estadual, que é muito forte. Outra parte vai para São Paulo.
Segundo avaliação do agrônomo do Deral, até setembro os preços devem permanecer nestes patamares, quando entra a safra americana que pode mudar as cotações.