RIO – A jovem que foi ao baile da Barão, na Praça Seca, com a vítima que sofreu estupro coletivo na Zona Oeste do Rio disse, nesta segunda-feira, que estava aliviada por não ter ficado no morro, depois de ter relações sexuais com o jogador Lucas Perdomo Duarte dos Santos. Ela prestou depoimento na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) sobre o caso e negou que a amiga, no momento em que estavam juntas, na madrugada de sábado, dia 21 de maio, tivesse sido estuprada. Segundo ela, a ideia de levá-las para uma casa abandonada na favela foi de Lucas e Raí de Souza.
– Quando vi depois o vídeo dela ( vítima de estupro coletivo), na rede, pensei: “Poderia ter sido comigo”. Eu saí por volta das 7h de sábado. Eu chamei ela para vir comigo, mas ela disse que iria ficar – disse a amiga.
Segundo a jovem de 18 anos, na casa abandonada, Raí deitou na cama com a adolescente que sofreu o estupro, enquanto ela ficou com Lucas num colchonete no chão. Ela garante que nem ela , nem a vítima beberam bebida alcoólica ou consumiram drogas.
– A minha amiga fez carinho no peito do Raí e rolou. Eu fiquei com Lucas. Quando amanheceu, eu fui para casa, peguei o ônibus no BRT. O Lucas me deixou no ponto. O Raí saiu da casa e ela ficou lá. Ela estava consciente – disse a amiga da vítima, ressaltando não saber o que ocorreu depois.
A Polícia Civil ainda analisa as imagens encontradas no celular de Raí de Souza, de 22 anos, que está preso preventivamente, acusado de ser um dos autores do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos no Morro São José Operário, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. De acordo com uma fonte do GLOBO na Polícia Civil, há muito material no celular que incrimina Raí pelo crime e também que o liga ao tráfico de drogas da região. Por esse motivo, o laudo da perícia no aparelho não deve ser concluído nesta segunda-feira, segundo a fonte.
A investigação sobre o envolvimento do jovem com o tráfico de drogas será feita pela Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), que receberá as imagens relacionadas.
Neste domingo, um segundo vídeo do estupro coletivo da jovem de 16 anos foi divulgado pelo programa Fantástico, da TV Globo. As imagens mostram a jovem sofrendo abuso e tentando reagir durante o crime, entre os dias 21 e 22 de maio.
O vídeo foi encontrado por policiais no celular de Raí. Ele havia dito em depoimento que jogara o telefone fora por medo de se comprometer. No entanto, a delegada Cristiana Bento suspeitou da versão e, com mandados de busca para endereços que o suspeito frequentava, conseguiu localizar o aparelho. Segundo o Fantástico, no celular também há áudios revelando que traficantes obrigaram moradores a fazer um protesto, negando ter havido o estupro coletivo.
Ao GLOBO, a delegada disse que tanto Raí como Raphael Assis Duarte Belo (ambos presos) e um traficante de apelido Jefinho (também conhecido como Perninha) aparecem no novo vídeo, que ainda não fora divulgado.