Política

Estados do Sul se unem para compartilhar leitos, insumos e medicamentos

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se uniram em busca de saídas conjuntas para conter a expansão da crise sanitária decorrente da pandemia da covid-19. Os três governadores pretendem compartilhar leitos, insumos e medicamentos para aliviar o esgotamento do sistema de saúde. Eles também anunciaram a articulação para a compra de vacinas, mas disseram que não pretendem iniciar campanhas paralelas à nacional

Estados do Sul se unem para compartilhar leitos, insumos e medicamentos

Florianópolis – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se uniram em busca de saídas conjuntas para conter a expansão da crise sanitária decorrente da pandemia da covid-19. A formalização do consórcio de saúde envolvendo os três estados da Região Sul foi sacramentada nessa quarta-feira (17) em reunião na Casa D’Agronômica, uma das sedes do governo catarinense, em Florianópolis.

O anúncio foi feito pelos governadores Carlos Massa Ratinho Junior (Paraná), Carlos Moisés (Santa Catarina) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), além dos respectivos secretários de Saúde de cada estado. O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o antigo, Eduardo Pazuello, em processo de transição no comando da pasta, participaram do início da reunião.

A primeira medida tomada pelo grupo foi a criação de um mecanismo de solidariedade entre os estados. A boa relação entre os vizinhos vai permitir a implantação de um estoque regulador central de insumos, com a troca de boletins diários sobre as quantidades disponíveis de medicamentos, equipamentos e materiais.

“Um estado pode ajudar o outro conforme a necessidade pontual. Pode ser de um remédio para sedação, de cilindros de oxigênio ou respiradores, por exemplo. Quem tem mais naquele momento vai disponibilizar para quem tem menos”, destacou Ratinho Junior.

Ele explicou que, com a consolidação do consórcio, será mais fácil também colaborar e receber a ajuda de outras unidades da Federação, conforme o estágio da contaminação em cada região.

Além do compartilhamento, a intenção é que a unificação dos dados em estoque permita a compra coordenada de insumos, ampliando a capacidade de aquisição.

 

Leitos

Estratégia semelhante vai valer para a regulação de leitos. Uma central única do Sul, com dados uniformes dos três estados, será implementada nos próximos dias como forma de facilitar a internação de pacientes, seja em UTIs ou quartos clínicos. “É mais fácil um paciente do norte de Santa Catarina acessar um leito do sul do Paraná do que atravessar o estado em busca de uma vaga. O mesmo vale para as divisas do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Essa agilidade salva vidas”, acrescentou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

 

Ministério da Saúde

Durante a reunião com os representantes do Ministério da Saúde, os três governadores reforçaram o pedido por agilidade na distribuição de medicamentos, especialmente sedativos, aparelhos como monitores e respiradores, além de maior celeridade na aquisição de vacinas. “O momento é de união, de ajuda mútua em prol da população. Vejo com muita valia essa reunião de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Faremos o que for possível para ajudar”, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que assumiu o comando da pasta nesta semana.

 

Compra de vacinas ao PNI

Outro ponto é a união de esforços por meio da criação de um fundo único para prospecção e possível compra de vacinas de diferentes laboratórios do mundo. “Vamos programar uma reunião dos três governadores com os presidentes de diferentes farmacêuticas em uma tentativa de aquisição de mais imunizantes”, destacou Ratinho Junior.

Os três governadores reafirmaram, contudo, que todas as vacinas adquiridas pelo consórcio do Sul serão encaminhadas para o Ministério da Saúde como forma de encorpar e dar mais agilidade ao PNI (Programa Nacional de Imunizações). Ou seja, serão usadas na proteção de todo o País, e não apenas na população residente no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. “Acreditamos que a compra tem de ser centralizada no governo federal, no Ministério da Saúde, para que não haja competição de quem compra primeiro. Vamos sinalizar aos laboratórios a intenção de adquirir as vacinas em conjunto”, explicou o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés.

Anestésico de intubação de UTI no fim

O desabastecimento de medicamentos e insumos para tratamento da covid-19 é a nova ameaça nos hospitais do Paraná. Drogas usadas para anestesiar pacientes intubados na UTI acabam ainda esta semana se não forem repostas.

No começo da tarde dessa quarta (17), o quadro era muito preocupante no almoxarifado do Cemepar (Centro de Medicamentos do Paraná), em Curitiba. A situação mais crítica é do bloqueador neuromuscular, anestésico usado para manter pacientes na ventilação mecânica, cujo estoque ontem se restringia a duas caixas de 12 doses cada para todo o Estado. Já o estoque de sedativos e analgésicos dura, no máximo, até terça-feira (23).

“Estamos indo atrás dos nossos fornecedores, mas muitas negociações estão dando desertas e com valor muito mais alto do que a média que operávamos antes. A indústria passa por desabastecimento porque o mundo inteiro está comprando esse remédio”, explicou o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, em entrevista ontem à RPC.

Para tentar aliviar o quadro, a Secretaria Estadual de Saúde pressiona o Ministério da Saúde para que faça compras emergenciais de insumos com a dispensa de licitação. “A situação é muito crítica. Estamos monitorando desde o início da pandemia a utilização de 25 medicamentos. Mas chegamos num ponto em que as dificuldades são até de medicamentos para intubação. Os leitos estão cheios, estamos fazendo um grande esforço para ampliar um pouco mais os leitos de UTI”, acrescenta Beto Preto.