Desde que as pistas exclusivas do transporte coletivo urbano passaram a ser utilizadas em fevereiro de 2019, a conversão à esquerda é proibida nas vias troncais de Cascavel por questões de segurança viária, mas nos últimos dias, no entanto, uma sequência de sinistros vem aumentando e gerando prejuízos à coletividade, com a imprudência de condutores que insistem em desrespeitar a sinalização e acessar a Avenida Brasil, a Tancredo Neves e a Barão do Rio Branco mais rapidamente, sem realizar o looping de quadra.
Na quarta-feira (18), por exemplo, um grave acidente ainda na madrugada deixou duas passageiras da linha Leste-Oeste feridas. Além disso, os demais passageiros tiveram de aguardar a substituição do veículo para continuar o trajeto. No mesmo dia, outro ônibus foi sinistrado na esquina da Brasil com a Barão do Rio Branco. Hoje (23), novamente foi registrado acidente na Avenida Barão do Rio Branco, esquina com a Rua Dimas Pires Bastos, gerando atrasos e dificuldade aos passageiros.
Ao fazer a conversão à esquerda nessas avenidas com pista exclusiva o condutor corre o risco de colidir com os ônibus do transporte coletivo, que têm preferência, ou com veículos de emergência, ambulâncias, forças de segurança ou táxi, os quais também estão autorizados a trafegar nessas faixas.
De acordo com a gerente da Divisão de Transporte da Transitar, Larissa Boeing, a preocupação é grande, uma vez que somente este ano já foram registradas diversas ocorrências envolvendo os ônibus das empresas concessionárias, que têm uma quantidade limitada de veículos para as linhas troncais, com portas à esquerda, e apenas um veículo reserva para substituí-los. “Isso reflete em prejuízo a todos os passageiros do transporte coletivo, uma vez que a cada ocorrência há atrasos e são necessários ajustes nas linhas para adequar à capacidade de veículos, como aconteceu na semana passada, quando num único dia dois veículos foram sinistrados”.
Avenida Brasil lidera imprudência
O Sistema Bateu aponta 12 ocorrências nas pistas exclusivas de janeiro a julho deste ano, tendo a Avenida Brasil liderando a imprudência com oito sinistros e quatro feridos, seguida da Tancredo Neves (três ocorrências) e da Barão (um acidente).
A educadora de trânsito da Transitar, Luciane de Moura, explica que esses dados são aproximados, pois não refletem a realidade diária, uma vez que nem todos os acidentes são registrados pelos envolvidos e, alguns, chegam ao sistema com até seis meses de prazo. Acidentes com bicicletas, pedestres e demais sinistros de menor impacto acabam não entrando para essa estatística.
Dano material x fatalidades
De acordo com a presidente da Transitar, Simoni Soares, a autarquia investe permanentemente em educação de trânsito, orientando sobre o uso correto de cada modal, e sinalizando adequadamente essas avenidas para que todos os envolvidos no trânsito possam utilizar seu espaço com segurança.
O que se tem percebido, no entanto, é a falta de respeito da população – desde os condutores de veículos em relação às conversões, até ciclistas, pedestres, adeptos de prática esportiva e de lazer, com os demais veículos como patinetes, patins e ciclomotores – que acaba utilizando as canaletas do transporte coletivo indevidamente, colocando-se em situação risco, o que pode ser fatal.
Fiscalização visa reduzir danos
Visando coibir a prática da conversão à esquerda e estimular o looping de quadra para aumentar a segurança na via e reduzir danos à coletividade, a Transitar intensificará a fiscalização do artigo 207 do Código de Trânsito Brasileiro, o qual prevê multa ao condutor que for flagrado pelo agente de trânsito executando conversão à esquerda/direita em locais proibidos pela sinalização. A infração é grave, com anotação de 5 pontos na CNH, no valor de R$ 195,25.
A encarregada do setor de Fiscalização de Trânsito da Transitar, Patrícia Martins de Moura, explica que as ações iniciam hoje (23) com operações-presença dos agentes de trânsito, e seguem por tempo indeterminado, visando à redução desse tipo de infração e acidentes, conforme o órgão perceba a mudança de comportamento.
Levantamento do GIT (Gestão de Infração de Trânsito) revela que este ano, de janeiro a julho, 539 condutores já foram notificados por fazer conversão em local proibido nas avenidas. O objetivo é que esse número seja o menor possível.