Guaíra – Um grupo de índios de um assentamento na cidade de Guaíra, distante cerca de 145 quilômetros de Cascavel, fizeram um casal refém na noite de quarta-feira. Policiais do BPFron – Batalhão de Polícia de Fronteira foram acionados para atender a ocorrência e chegando ao local, foram ameaçados com facões e flechas. Alguns índios chegaram a atirar pedras e flechas em direção aos policiais, que não se feriram.
A primeira informação que chegou até os policias era de que três índios haviam sido vítimas de disparos de arma de fogo e que dois deles haviam sido encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento de Guaíra. No local, os policias conseguiram chegar a um acordo com o grupo de índios, enquanto ouviam ao fundo gritos de socorro.
Policiais conseguiram convencer o líder do grupo a permitir o acesso até o assentamento para realizar o atendimento a um índio ainda ferido. Ao entrar no assentamento, os policiais do Batalhão de Polícia de Fronteira encontraram um homem amarrado e bastante ferido. Os policiais encaminharam a vítima para atendimento médico, entretanto, o índio ferido no rosto não aceitou ser encaminhado para a UPA.
A vítima rendida pelos índios mora em uma casa situada nas proximidades. Lá, duas pessoas relataram que a casa havia sido invadida pelo grupo armado com facões, flechas e bastões. Um dos moradores da casa foi atacado com socos e chutes e retirado da casa. A polícia apreendeu três facões, arco e flechas e uma lança confeccionada pelos índios. Todo material foi encaminhado para a Polícia Federal de Guaíra.
Aos policiais, os índios relataram que sofreram um ataque anterior. Uma pessoa de posse de uma arma de fogo teria efetuado disparos em direção ao assentamento e empreendido fuga pela mata. Como forma de revidar a agressão sofrida, o grupo indígena entrou na residência localizada nas proximidades deste suposto ataque e feito refém uma pessoa desconhecida que não teria qualquer envolvimento com a agressão sofrida pelos índios anteriormente.
Governo emite nota
O Ministério dos Povos Indígenas emitiu nota na tarde desta quinta-feira, afirmando que as famílias indígenas Ava-guarani foram alvo de ataque na noite de quarta-feira (10), no município de Guaíra, oeste do Paraná.
Diz a nota que no dia 21 de dezembro de 2023, os Avá-Guarani da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, que está em processo de regularização fundiária, realizaram duas ações de retomada nas aldeias Y’hovy e Yvyju Avary. Em seguida, passaram a sofrer graves situações de ameaças e agressões por parte de grupos de não indígenas. “Nos dias 23 e 24 de dezembro, respectivamente, as aldeias Y’hovy e Yvyju Avary foram atacadas com emprego de milícia rural privada. Tão logo foi acionado, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) realizou interlocuções com as lideranças indígenas, por meio da Comissão Guarani Yvyrupá (CGY), e gestões junto à Polícia Federal (PF), que compareceu ao local. No ataque mais recente, o mesmo protocolo foi seguido pelo MPI, garantindo novamente a presença da PF para fazer cessar a violência. Considerando a escalada do conflito na região, marcada por recorrente violações de direitos dos Avá-Guarani, no dia 27 de dezembro, o MPI solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) a atuação da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) na área, medida que acaba de ser autorizada para garantir a segurança dos indígenas”.
Crédito: BPFron