Opinião

Por que o sexo ainda é tabu no Brasil?

Por Carla Hachmann

Em meio a muita polêmica e críticas, os Ministérios da Mulher e da Saúde lançaram a campanha “Tudo tem seu tempo: adolescência primeiro, gravidez depois”, que visa sensibilizar adolescentes, pais e responsáveis sobre os riscos de uma gravidez não programada na adolescência.

A proposta abriu espaço para a interpretação de que a ação é voltada à abstinência sexual entre adolescentes. Claro que a ideia não é má. Afinal, alguns jovens iniciam a vida sexual aos 11, 12 anos, muitas vezes sem informação alguma e sem quaisquer cuidados. A consequência disso se reflete em números preocupantes: no Brasil, o índice de gravidez precoce é de 68,4 nascimentos a cada mil adolescentes, o maior da América Latina e bem acima da média mundial (46).

Além do avanço indiscriminado de doenças como HIV e sífilis entre os jovens, cuja faixa etária foi a que mais teve incidências ano passado.

A proposta também seria a solução para a dor de cabeça dos pais. Afinal, qual pai não gostaria de saber que seu filho ou filha está protegido dos riscos que a vida sexual precoce e desprotegida traz?

O X da questão é o público com o qual a campanha trabalha. Adolescente não é conhecido por sua obediência e respeito às regras, certo?

O que talvez nós, adultos, precisaríamos fazer, é conversar, tentar entender esses jovens, e, principalmente, falar abertamente com eles. Por que iniciam a vida sexual tão cedo? Onde está a carência que buscam suprir?

Além disso, informação correta e coerente sempre é a melhor saída. Sexo precisa deixar de ser tabu. Nas escolas, em casa, é preciso que os jovens encontrem ambientes seguros e saudáveis para falar sobre o assunto, buscar as informações que lhes atormentam e ter suporte para tomar decisões mais assertivas.