Teorias à parte, a constatação de invasão de privacidade de qualquer pessoa, seja ela autoridade ou não, é algo sério e que não pode ser tolerado.
Enquanto o mundo está preocupado e discute o limite e os riscos da exposição que já permite que as empresas reconheçam seus hábitos e gostos a ponto de lhe direcionarem publicidades do seu interesse, no Brasil a invasão de celulares e de aplicativos de mensagens é tratada como algo normal. Cuidado!
Ao saber que teve seu celular hackeado, o presidente Jair Bolsonaro ironizou que nada iriam descobrir de grave. A questão vai muito além do que ele falou ou deixou de falar por celular, a gravidade está na fragilidade do sistema que põe em risco qualquer pessoa. Inclusive a sua família.
O assunto beira ao absurdo ao saber que o grupo acusado de invadir as contas de cerca de centenas de autoridades brasileiras usou recursos simples e se aproveitou de falhas do sistema de telecomunicação brasileiro. Nada de cena de filme, nada de megacomputadores, ou de super-hackers. A investigação revelou que, apesar do absurdo que se paga pelo serviço no Brasil, as operadoras de telefonia não oferecem um mínimo de segurança.
Mesmo quem acredita que não troque informações sigilosas ou comprometedoras por celular ou pelas redes sociais, há, sim, em cada telefone um tesouro para os bandidos. Contas de banco, dados pessoais, fotos, e até hábitos como viagens ou transações de compra e venda podem ser usados pelos marginais. A imaginação deles não tem limites. O que se constata agora é que todos estamos expostos. Todos estamos vulneráveis. A diferença é que não temos a Polícia Federal à nossa disposição caso sejamos vítima desse tipo de invasão.