Opinião

FUTCEM, o futebol de salão da madrugada, da Casa do Estudante de Medicina

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Meia-noite, quando atrasado, uma hora da madrugada, algum morador da CEM (Casa do estudante de medicina da USP Ribeirão Preto) descia as escadas (pois os homens moravam no segundo e terceiro andar), se dirigia para frente da CEM e gritava: “FUTCEM, FUTCEM seus preguiçosos, FUTCEM, FUTCEM vamos desestressar, FUTCEM moçada, vamos jogar, FUTCEM”. Logo eram dois, três gritando e quando juntava oito já dava jogo.

Alguns estavam à toa, outros estudando e naturalmente outros dormindo, mas a vontade de participar do FUTCEM era maior.  A Casa do Estudante ficava dentro do campus, ao lado do complexo esportivo. Nós subíamos as escadas de acesso ao ginásio, nossa moradia ficava dentro do campus, anexa ao complexo esportivo, o “guardinha” liberava a entrada e ligava as luzes. Aqui não me lembro se pegávamos a bola na salinha da Atlética ou tinha alguma lá de uso geral.

Os times eram escolhidos no “par-ou-ímpar”, todos jogavam de goleiro (dois gols, trocava de goleiro), time com camisa e sem camisa, meia-hora, uma hora de jogo, até o cansaço chegar. Isso ocorria a cada 15 dias, às vezes duas vezes na semana, exceto na semana das provas gerais, que era concentrada na da quarta semana de cada ciclo de matérias da grade de estudo

Com o tempo, até colegas que não moravam na CEM apareciam lá para jogar.

Até o campeonato da CEM ocorreu certa vez, inspirado nessas saudosas partidas do FUTCEM.  Nesse campeonato, levamos árbitro sem custo, amigo nosso. E compramos um troféu (único gasto possível na época).

Ainda gravo na minha memória nossa imagem como time campeão, chegamos a final contra o time favorito, formado por nossos veteranos. O inconformismo dos mesmos com a derrota na final, os fez surrupiar a taça do tão desejado Troféu de Campeão do FUTCEM.

O FUTCEM não era oficial da nossa Associação Atlética, mas agregava aqueles atletas que não tinham gabarito de participar de uma competição oficial. Agregava as turmas de anos diferentes, para muitos era a única oportunidade de fazer algum esporte na faculdade.

Dr. João Renato Dias dos Santos – CRM/PR 17.643