Opinião

Coluna AMC: médicos e alquimistas

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MÉDICOS E ALQUIMISTAS

 A alquimia foi uma atividade difundida a partir do século XIII, que teve muita importância na descoberta de novas substâncias e processos químicos, como a extração do mercúrio, as fórmulas para preparar o vidro e o esmalte, bem como noções sobre ácidos e seus derivados. Ela viveu junto com a medicina até o século XVII, quando preponderou o conhecimento científico com as suas tradicionais etapas: observação, formulação de hipóteses, experimentação e conclusão. Ela combinava elementos de química, antropologia, astrologia, filosofia, metalurgia e matemática. Um dos objetivos era a transmutação dos metais inferiores ao ouro; outro, a obtenção do Elixir da Longa Vida, um remédio que curaria todas as coisas e daria vida longa àqueles que o ingerissem. Com a obtenção da Pedra Filosofal, uma substância mística, a meta seria alcançada. O terceiro objetivo era criar vida humana artificial, os homunculi; e o quarto era fazer com que a realeza conseguisse enriquecer mais rapidamente. Era praticada na MesopotâmiaEgito AntigoMundo IslâmicoAmérica Latina Pré-HistóricaEgitoCoreiaChinaGrécia ClássicaKievEuropa e entre os Aborígenes. Hoje, considera-se a alquimia uma arte filosófica, que busca ver o universo de outra forma, encontrando nele seu aspecto espiritual e superior.

O suíço-alemão Paracelso (Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus Von Hohenheim) que viveu entre 1493 e1541, foi um dos mais famosos médicos e alquimistas, além de físicoastrólogo e ocultista.  A ele também é creditada a criação do nome do elemento zinco, chamando-o de zincum. Ele é considerado o fundador da Bioquímica e da Toxicologia, e divulgava a ideia de que um medicamento só poderia ser administrado mediante receita médica. O seu pai também era médico e alquimista, e saiam pelas montanhas, em longas caminhadas pelos povoados, observando a manipulação de medicamentos.

Um outro médico e alquimista famoso foi o belga Jean Baptista Van Helmont (15771644), fisiologista que introduziu a palavra “gás” no vocabulário científico, e também grande viajante. Ele deixou uma extensa obra sobre digestão. Acreditava que ela era auxiliada por um reagente químico, ou “fermento” dentro do corpo, ideia muito próxima ao nosso conceito moderno de enzimas. A herança de sua esposa lhe permitiu aposentar mais cedo e não necessitar exercer apenas a prática médica, podendo então ocupar-se com experimentos químicos, até o fim da vida.

Esses dois doutores em medicina e também alquimistas se tornaram, também, muito famosos, por prescreverem substâncias para eliminar pedras do organismo e utilizarem misturas bizarras, como sêmen humano, sangue de menstruação e esterco de cavalo – além de combinarem vários metais no fogo. Ironia do destino, o desejo dos alquimistas de transmutar os metais tornou-se realidade nos nossos dias com a fissão e a fusão nuclear.

Dr. Márcio Couto – Médico Cardiologista – CRM-PR 14933Membro da diretoria da AMC.