O homem médio é comum. Ele está em toda parte, não é difícil encontrá-lo. Tanto nas pequenas como nas grandes cidades. Em prédios, em casas, em casebres e em vários recintos. Escritórios, obras, hospitais, escolas, farmácias, em plantações, no rio e nos mares. Em carros, em motos, em barcos, em ônibus, em metrôs lotados, em aviões. O homem médio é a espécie mais vista sem dúvida. Basta sair na rua agora que você verá vários deste tipo.
O homem médio não é um super-herói e nem quer ser. Ele não é famoso. Ele não tem milhões de seguidores. Ele não se importa com seguidores. Ele não é capa de nenhum jornal ou revistas badaladas. Ele é discreto e sempre quis ser assim. Ele se veste de forma simples, sem chamar atenção. O homem médio faz parte da paisagem e é cinza como tal. O homem médio são os dias da semana com seu ritmo constante e que se renova a cada final-de-semana. O homem médio gosta da semana e gosta do final de semana também. O homem médio não tem tanta pressa assim. Ele sabe que as coisas, vem e vão.
O homem médio sai cedo de casa, volta tarde trazendo o pão embaixo do braço. Ele ama voltar para sua casa e para seus filhos e filhas. Para sua esposa e para seus cães. O homem médio sustenta. Possui as costas largas e fortes. Levanta a casa com seus ombros. O homem médio é uma máquina escavadeira que abre o caminho e afasta os obstáculos. Apenas passa, porque sabe que precisa fazer isso sem discutir. Passa em silêncio revolvendo a terra com as suas próprias mãos. O homem médio é uma força da natureza.
O homem médio trabalha de sol a sol. Constrói as bases das coisas, o alicerce de tudo que se vê. Arruma as ruas, mantém os postes de luz, desentope os canos, salva vidas, resgata pessoas em prédios em chamas. Ele colhe os grãos, pesca os peixes, corta a carne. Pilota os aviões, os carros e os caminhões numa longa estrada sem ponto de chegada que se veja ao longe. Ele é o soldado marchando e os seus passos marcam o ritmo para os outros que estão vindo atrás. Ele lutou nossas guerras. Ele domesticou os cavalos usados naquela mesma guerra. Ele amansou o gado e o trouxe de volta para o cercado sem deixar nenhum escapar.
O homem médio tem responsabilidades. Ele paga os impostos. Ele abastece o carro enquanto leva o filho na escola. Ele encontra um motivo, todos os dias, para levantar da cama e continuar. Ele deseja o melhor para seus filhos. Ele quer que eles estudem, que se formem, que sejam honestos e se resolvam na vida. Ele é o exemplo do amor em forma de rotina diária. Um amor repetitivo e certo, perene como as estrelas. Como a rocha inquebrável, como o farol guiando as embarcações.
O homem médio não quer muito. Não exige nem espera gratidão. Ele se sustenta com o que tem. Ele fica feliz quando vai ao mercado e compra o que precisa para alimentar os seus. Sem luxo ou afetação. Ouve as notícias, ouve suas músicas ou as assovia sozinho. Lembra que seu pai e seu avô também foram homens médios e é grato por isso. Por não terem desistido.
O mundo gira ao redor do homem médio. Ele é sua órbita e sua organização. Simples, mas eficiente. Inequívoco como as estações.
Carlos Eduardo dos Santos Martins
Médico Anestesiologista – CRM/PR – 20965.