Cotidiano

Requião oferece jantar para Lula e senadores, mas quórum é baixo

54505784_PA São Paulo SP 21-09-2015 reunião da conselho da presidencia do partido dos trabalhadore.jpgBRASÍLIA ? Acostumado a discursar para grandes plateias e eventos disputados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta semana, momento em que enfrenta a fase mais aguda de isolamento político, de um jantar em sua homenagem. Participaram do evento, em Brasília, um grupo acanhado de apenas seis senadores. Durante a semana, Lula teve uma rápida passagem pela capital federal para tentar cabalar votos contra o impeachment, como sempre faz, em conversas reservadas em um hotel da capital.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) aproveitou para lhe oferecer uma jantar, em sua residência, e convidou senadores que poderiam ser convencidos a votar contra a cassação definitiva do mandato da presidente afastada Dilma Rousseff . Mas só compareceram senadores que já defendem novas eleições ou não tem simpatia pela cassação da presidente afastada Dilma Rousseff. Requião vem fazendo jantares quase semanais com o grupo contrário ao impeachment ? o grupo dos 22 que votaram contra a abertura do processo na Casa.

Segundo participantes, Lula conversou no encontro sobre a importância de evitar o impeachment de Dilma e sobre a proposta de um plebiscito para realização de novas eleições. Dentro do PT, não há consenso sobre o tema. De acordo com o líder do PT, Humberto Costa (PE), a bancada ainda fará outros encontros para debater o assunto. Lula e a própria Dilma costumam dizer, em conversas, que isso só dará certo com apoio dos movimentos populares, que estão divididos sobre o assunto.

Participaram do jantar os senadores Acir Gurgacz (PDT-RO), João Capiberibe (PSB-AP), Elmano Férrer (PTB-PI), Roberto Rocha (PSB-MA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), além de Requião. O sétimo convidado, senador Cristovam Buarque (PPS-DF), não compareceu. Ele e Lula têm uma relação estremecida desde o episódio em que foi demitido por telefone do Ministério da Educação.

Cristovam disse que estava num evento na embaixada da França e que só se encontraria com Lula numa conversa a dois.

? Tinha um jantar. E não sabia que o jantar no Requião seria para poucas pessoas. Mas já conheço os argumentos de Lula e da Dilma. Para me encontrar com Lula teria que ser a dois, para acertar os ponteiros e tudo o mais. Mas o que tenho dito é que não sou indeciso, estou fazendo um papel de julgamento ? disse Cristovam.

QUÓRUM BAIXO E CONVERSA FRANCA

A conversa foi franca, disseram participantes do encontro. Lula disse que era Dilma quem deveria falar com os senadores. Na verdade, a presidente afastada tem se reunido com senadores no Palácio da Alvorada. Como O GLOBO mostrou na quinta-feira, ela recebeu senadores, dirigentes de partido e representantes de movimentos sociais na quinta-feira.

? O Lula acha que é a Dilma que tem que conversar com a gente, no que eu concordo ? disse um dos participantes do jantar.

O senador Acir Gurgacz disse apenas que a conversa foi “aberta”. Como jantar, foi servido um carneiro especial, mas Lula não comeu, afirmando que não faz mais grandes refeições à noite e permaneceu conversando.

Segundo participantes, o quórum foi baixo porque a ideia era reunir um pequeno grupo de senadores para que a conversa com Lula fluísse, fosse franca e não virasse “uma festa”.

A bancada do PT, por exemplo, decidiu não comparecer. O líder Humberto Costa (PE), que está voltando ao comando da bancada no lugar de Paulo Rocha (PT-PA), disse que, pela manhã, conversaram entre si e decidiram não ir. O PT tem dez senadores na Casa. Inicialmente, o senador José Pimentel (PT-CE) iria representando a bancada, mas foi “convencido” pelos demais a não ir.

? Quisemos deixar o Lula mais à vontade ? disse Humberto Costa.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que o espírito do encontro era de ser uma conversa reduzida, até porque os senadores do PT, PCdoB e PSB já sabem como atuar. O bloco de parlamentares tem sido combativo na comissão do impeachment e é defensor de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para a realização de um plebiscito sobre nova eleição presidencial, que seria realizado em outubro, juntamente com as eleições municipais.