Cotidiano

Perto de Mossul, iraquianos celebram primeiro Natal após recuo do EI

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BARTELLA, Iraque ? Centenas de iraquianos cristãos se reúnem neste sábado em Bartella, uma localidade nos arredores de Mossul, para celebrar o Natal pela primeira vez desde 2013. A pequena cidade foi recentemente recapturada pelas tropas iraquianas do controle do Estado Islâmico (EI), permitindo aos seus moradores retomar os festejos natalinos. Bartella caiu nas mãos do grupo extremista em agosto de 2014, enquanto os jihadistas avançavam em partes de Iraque e Síria.

No entanto, as comemorações já não podem ser as mesmas de outros tempos para os cristãos, uma vez que símbolos religiosos e igrejas foram destruídos neste período. Antes de ser tomada pelo EI, Bartella tinha milhares de cristãos assírios entre seus moradores.

? É uma mistura de tristeza e felicidade ? disse o bispo Mussa Shemali antes de uma cerimônia de véspera de Natal na igreja Mar Shimoni, hoje muito danificada, sem mais suas cruzes e estátuas de santos. ? Estamos tristes de ver o que foi feito aos nossos lugares mais sagrados pelos nossos próprios compatriotas, mas ao mesmo tempo estamos felizes de celebrar a primeira missa em dois anos.

A região de Nineveh, onde fica Bartella, é um dos berços mais antigos da cristandade, com quase 2 mil anos de existência. Mas, nos últimos três anos, o EI ameaçou todos os grupos que não fossem muçulmanos sunitas sob seu controle. Aqueles que não obedecessem à sua interpretação do Islã eram submetidos a duros castigos.

Os cristãos da região receberam um ultimato: pagar uma taxa e se converter ao Islã, ou então serem mortos. A maioria dos cristãos da região fugiram da cidade e, mesmo depois de a localidade ter sido retomada por tropas iraquianas, ainda demorará para que os seus moradores originais possam retornar. A cidade continua sem serviços básicos e muitos prédios ainda carregam as cicatrizes de anos de confrontos.

? Este é o melhor dia da minha vida. Em alguns momentos, eu achei que nunca voltaria ? disse Shrook Tawfiq, uma dona de casa de 52 anos deslocada à cidade curda de Erbil, nos arredores, por conta dos conflitos.

Hoje, a linha de frente para retomar a cidade de Mossul, o maior reduto do Estado Islâmico no Iraque, se moveu em alguns quilômetros, em distritos onde combatentes lutam violentamente contra o avanço das tropas iraquianas entre os civis. Estima-se que mais de um milhão de pessoas ainda vivam em áreas de Mossul ainda sob controle dos combatentes jihadistas.