Economia

Pequenos empreendimentos de Curitiba entram na segunda onda de digitalização 

Forçados pela pandemia a usar redes e apps como canais de marketing e venda, micro e pequenos empresários agora utilizam ferramentas digitais para compras e gestão dos negócios 

Imagem divulgação
Imagem divulgação

Curitiba é hoje um dos principais locais para se montar uma empresa no País. Eleita a cidade mais empreendedora do Brasil pelo Ranking Connect Smarted Cities 2021, a capital paranaense agilizou processos e fez com que o tempo gasto com a burocracia para abertura de um estabelecimento chegasse a ser 60% menor do que a média brasileira, segundo o Ministério da Economia.

Entretanto, não é somente a desburocratização que contribui para o sucesso do micro e pequeno empresário. Dentre as principais medidas para um bom desempenho está a digitalização das rotinas da empresa, desde a organização da contabilidade até o contato com os clientes e as vendas em si.

 

“Não restam dúvidas de que para crescer é preciso se digitalizar. É um movimento inevitável, gera produtividade, o que é fundamental para enfrentar especialmente este momento pós-pandemia. Você começa a ter uma relação com o cliente antes mesmo do contato pessoal, as pessoas interagem antes. É um aprendizado e está avançando”, explica Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.

 

Solmucci destaca ainda que muitos empresários precisaram se digitalizar às pressas por conta do fechamento de estabelecimentos para compras e consumo presencial durante a pandemia de Covid-19. Segundo dados do Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, 70% dos empresários brasileiros passaram a atuar em redes sociais ou aplicativos em 2021 para impulsionar seus negócios. Em 2020, o número não passava de 60%.

 

Mas a digitalização vai além do contato com os clientes – e pode otimizar ainda mais a rotina do empreendimento. Nos últimos anos, grandes corporações e startups surgiram para transformar etapas realizadas de forma analógica em experiências virtuais. Neste contexto, os micro e pequenos empresários também vêm utilizando meios virtuais para a gestão dos negócios e para objetivos não diretamente ligados ao marketing e às vendas.

 

Segundo o estudo do Sebrae e da FGV, os empresários do Paraná e de São Paulo lideram o ranking do uso de softwares que auxiliam na gestão completa ou parcial dos negócios – 35% dos consultados utilizam aplicativos com essa finalidade.

 

Já a 9ª edição da pesquisa “O Impacto da Pandemia de Coronavírus”, realizada entre os dias 20 e 24 de novembro passados, também numa parceria entre o Sebrae e a FGV, indica que as micro e pequenas empresas usam a digitalização de forma mais profissional do que os microempreendedores individuais (MEI), pois utilizam ferramentas mais voltadas para a gestão dos negócios.

 

Entre as micro e pequenas empresas, 55% usam ferramentas de gestão. Já entre os MEI, o percentual cai para 25%. A diferença também é confirmada em relação às ferramentas para gestão de clientes (CRM), que são utilizadas por 25% dos donos de micro e pequenas empresas, mas por apenas 12% dos microempreendedores individuais.

 

Aplicativos B2B facilitam a vida de pequenos empresários

Um dos novos canais que surgiram nesse movimento é o aplicativo BEES, plataforma de vendas desenvolvida pela indústria de bebidas Ambev, que permite a compra online de diversos produtos, como cervejas, biscoitos e balas, para estabelecimentos como bares e restaurantes. Nela, após criar um login no serviço e se cadastrar, o comerciante faz seus pedidos online, recebendo-os por meio de um caminhão da Ambev.

 

“O BEES já alcançou mais de 90% dos clientes ativos da Ambev dos clientes e fez R$ 9 bilhões de GMV no segundo trimestre de 2021. Somente em Curitiba, conseguimos um total de 8 mil estabelecimentos parceiros, o que mostra o interesse desses empreendedores em se digitalizar e investir no que há de inovador no mercado”, explica Leonardo Almeida, Diretor de Marketplace do Parceiro BEES.

 

Para o empresário Fabiano Moraes, dono da La Casa del Tabaco, localizada no bairro do Batel, o app também funciona como ferramenta de gerenciamento. “É por ela que confiro os produtos, controlo os preços, a entrega e até o faturamento. E é o futuro. A coisa ‘de porta em porta’, de se deslocar, isso está ficando para trás. A pandemia acelerou o que já era uma realidade, então, temos que absorver e aprender a usar”, comenta.

 

Outro caso é o da Rede Prajá, aplicativo criado para conectar profissionais autônomos a seus clientes em Curitiba. Desenvolvido por moradores da cidade, o app reúne em uma mesma plataforma diversos tipos de serviços e, pelo sistema de geolocalização, consegue identificar a região em que está o usuário, apresentando estabelecimentos específicos daquela localidade.

 

Na plataforma, eletricistas, encanadores, “faz-tudos”, professores de inglês, cabeleireiros e até pedreiros podem se cadastrar e disponibilizar seus serviços a quem precisa. De acordo com os fundadores da startup, são mais de 200 tipos de atividades disponíveis para contratação na cidade.

 

(Assessoria)