Economia

Movimento inverso: oeste registra importação recorde

O recorde tem explicação: a necessidade de trazer alimento para aves e suínos, devido à falta de milho no mercado interno

Movimento inverso: oeste registra importação recorde

Cascavel – Os oito principais exportadores da região oeste do Paraná fecharam o primeiro semestre do ano com aumento de 4,3% nas exportações em comparação ao mesmo período de 2020, num total de US$ 968 milhões. Esse é o segundo melhor resultado da história, atrás apenas de 2019, quando os seis meses totalizaram US$ 1,262 bilhão. Em toda a região, a soma foi de US$ 1,037 bilhão, alta de 3,25% sobre 2020 (US$ 1,005 bilhão).

Contudo, o que chama a atenção na balança comercial da região desta vez é o salto das importações. Foram comprados de outros países US$ 528 milhões por empresas do oeste do Paraná nos seis meses, 62% a mais que no mesmo período de 2020, no total de US$ 326 milhões, que era o maior valor até então.

O recorde tem explicação: a necessidade de trazer alimento para aves e suínos, devido à falta de milho no mercado interno. Para se ter uma ideia, foram importados US$ 93,942 milhões desse cereal, 217,5% a mais que ano passado. A líder da pauta continua sendo a soja, que quase dobrou: US$ 98 milhões, contra US$ 52 milhões ano passado.

Outro cereal aparece em quarto: o trigo, com R$ 32,2 milhões importados, 157% a mais que em 2020. Entre esses três grãos estão componentes eletrônicos, que quadruplicaram, totalizando US$ 58,3 milhões.

“Como o Estado é um grande produtor de carnes, já havia uma preocupação muito grande, desde o fim do ano passado, com a demanda internacional aquecida e a necessidade de abastecer o mercado interno. Já sabíamos que seria uma safra complicada do milho pelo clima, a soja teria uma demanda interessante para exportação para a China, e as indústrias de carnes tentaram antecipar os insumos”, explica a engenheira agrônoma Ana Paula Kowalski, da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná.

Ela lembra que os preços da soja e do milho estão muito altos, estimulando as exportações desses produtos, e a quebra de mais de 50% do milho, o que provoca falta dos produtos no mercado interno. “É preciso garantir essas cadeias de carne”, ressalta.

As cotações dos dois grãos atingiram recordes. O milho, cuja saca de 60 quilos variava na casa dos R$ 30 antes da pandemia, disparou desde o ano passado e hoje fica perto de R$ 100. Já a soja saiu da casa dos R$ 70 a saca há um ano e meio para mais de R$ 160 hoje, estimulada pela disparada do dólar e pela demanda internacional.

Com esses valores, os produtores optaram por exportar milho e faltou no mercado interno, obrigando a cadeia produtiva de aves e suínos a importar o cereal, inclusive dos Estados Unidos.

Ana Paula prevê que esse movimento continue ao menos até o ano que vem. “Para a soja, se não houver problema climático acentuado, teremos um fornecimento que vai atender as expectativas; agora, para o milho, vai ser mais um ano difícil. Temos uma colheita para iniciar de uma safra que se perdeu a metade. Vai ter incentivo para o produtor plantar milho na primeira safra, mas, com o preço alto da soja, é difícil competir”, acrescenta.

 

Paraguai recupera espaço na pauta comercial

Dono de boa parte dos cereais importados pela região neste ano, o Paraguai ganhou espaço também na pauta de exportações, passando de 9,9% para 14,7%, tendo comprado US$ 142,2 milhões nos seis primeiros meses.

Apesar do avanço, a China mantém-se com a principal parceira comercial da região, embora tenha comprado 11,3% menos que ano passado, caindo de 35,4% para 30,1% no bolo.

Dentre os principais parceiros deste ano, destaque para o México, que aumentou em 680% suas compras, totalizando US$ 26,6 milhões.

O complexo carnes mantém-se carro-chefe das exportações, tendo sido vendidos US$ 665,2 milhões, queda de 2,7% em relação ao ano passado, mesmo assim, 69% do total exportado. O complexo soja também teve queda de 4,6%, totalizando US$ 102,8 milhões nessa primeira metade de 2021, apesar do crescimento de 28,2% da venda de soja em grãos (mesmo triturada), que soma US$ 76,4 milhões neste ano.

Dentre os primeiros itens, os maiores crescimentos foram verificados em produtos diversos, como legumes de vagem, que cresceram 420%, somando US$ 6,2 milhões.

 

 

Cascavel e Medianeira têm exportações recordes

Puxadas pelas vendas de soja, as exportações de Cascavel registraram o  maior valor da história no primeiro semestre de 2021, totalizando US$ 261 milhões, o que corresponde a mais de R$ 1,3 bilhão. Com as carnes de aves liderando a pauta, com US$ 110 milhões vendidas neste ano (2% a mais que ano passado), a soja vem logo em seguida, com crescimento de 57%: já foram faturados US$ 62,4 milhões, contra US$ 39,7 milhões ano passado.

Responsáveis por 93,4% do total exportado, a lista dos cinco primeiros se completa com Carnes e miudezas salgadas ou em salmoura (US$ 26,1 milhões), Adubos (US$ 25,4 milhões) e Carnes suínas (US$ 19,8 milhões).

Já Medianeira exportou US$ 81,9 milhões, 12,2% a mais que ano passado, resultado do crescimento de 9,4% de Carnes suínas, que somaram US$ 72,2 milhões na primeira metade de 2021.